PSP admite que subavaliou ameaça nos confrontos no Chiado

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Carga policial em manifestação no Chiado atingiu várias pessoas, entre as quais dois fotojornalistas Hugo Correia/Reuters

Numa nota de imprensa divulgada nesta quarta-feira, com os resultados do inquérito realizado pela Inspecção Geral da PSP, a direcção nacional daquela polícia admite a “necessidade de uma melhor avaliação quanto ao grau de ameaça e potencial desordem associado a um grupo de cerca de 70 cidadãos, integrando indivíduos conotados com dois movimentos distintos, que se concentraram inicialmente na Praça Duque de Saldanha”.

Durante a manifestação, acabaria por ocorrer uma carga policial, na zona do Chiado, que atingiu várias pessoas, incluindo dois fotojornalistas, um dos quais ficou ferido, como aconteceu com outras duas pessoas, entre elas um polícia.

Na sequência do inquérito já concluído pela Inspecção Geral da Administração Interna, o ministro com a tutela da polícia, Miguel Macedo, confirmou a instauração de um processo disciplinar a um dos polícias envolvidos na agressão e a realização de um inquérito judicial aos agentes que espancaram um dos jornalistas.

Apesar das consequências, o inquérito conclui que a actuação da polícia “foi necessária para repor a ordem e tranquilidade públicas” e “cessar os comportamentos intencionais, violentos e perigosos que colocavam em risco a integridade física dos elementos policiais e de terceiros”, refere a nota hoje divulgada.

A PSP revela ainda ter decidido, na altura, que o desfile entre a Praça Duque de Saldanha e o Rossio tivesse prosseguido, “não obstante os comportamentos desordeiros adoptados pelos manifestantes durante esse percurso”.

A decisão é justificada porque, “mesmo sem que se cumprisse com os formalismos previstos na lei”, a polícia optou por dar “prevalência ao direito de manifestação dos cidadãos”.

O inquérito da Inspecção Geral da PSP conclui ainda que “ficou evidente a necessidade de melhor sinalizar” os jornalistas que reportavam a manifestação e defende a “realização de reuniões prévias de forma a coordenar os diversos aspectos desta actividade [jornalística]”.

Notícia alterada a 12/04 e 20/04:

Durante algumas horas entre os dias 12/04 e 13/04, o título e o texto desta notícia da Lusa foram alterados, com chamadas de correcção, na sequência de uma chamada de atenção de um leitor que sugeria que a PSP teria sobreavaliado e não subavaliado o risco. Porém, a 13/04, após contactos do Ministério da Administração Interna e da leitura do comunicado da PSP, repôs-se o título original (subavaliado), optando-se por manter a notícia original da Lusa. A 20/04 foi acrescentada esta nota informativa aos leitores.