Ministério Público investiga denúncia de abusos sexuais a jovem atleta

O caso terá acontecido na residência do Centro de Alto Rendimento do Jamor, onde vivem mais de 50 atletas. O pai da alegada vítima diz que o seu filho foi atacado à noite, enquanto dormia.

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A residência do CAR conta com 42 quartos duplos que abrigam 54 atletas internos PEDRO CUNHA

O Ministério Público (MP) vai investigar uma denúncia de abuso sexual, agressões e bullying praticados contra um rapaz de 15 anos, na residência do Centro de Alto Rendimento do Jamor (CAR), instituição de formação para atletas de elite, avança nesta quinta-feira o Jornal de Notícias (JN). Os actos terão sido praticados por internos que residem no mesmo espaço, algo que também está a ser alvo de averiguações por parte da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção de Crianças e Jovens (CNPDPCJ) e a Inspecção Geral da Educação e Ciência.

A denúncia foi feita pelo pai da alegada vítima, que afirma que o seu filho, natural do distrito de Aveiro e a residir no CAR há dois anos, foi abusado enquanto dormia. “Estando o meu filho a dormir, atletas do CAR, ao chegarem da escola e aproveitando o seu sono pesado, introduziram os órgãos genitais na sua boca”, conta, citado pelo JN. Mas não terão ficado por aí. O jornal conta ainda que o pai, na exposição que fez a 2 de Julho do ano passado à CNPDPCJ, relatou que foi colocada “uma cobra no quarto” do menor. O progenitor afirma que depois de o seu filho ter recusado “sair à noite, os demais” bateram-lhe. O pai afirma que o incidente foi “abafado”, mesmo depois de uma atleta ter sido testemunha e comunicado à “psicóloga do centro”, escreve o JN.

O papel que os dirigentes do CAR terão tido no caso também é alvo da investigação, segundo o mesmo jornal, pois se tiveram conhecimento do que aconteceu, não reportaram às autoridades. Estes dirigentes estarão no grupo de pessoas que terão de depor sobre o caso.

Depois de feita a denúncia, o CNPDPCJ enviou, em Setembro do ano passado, a exposição do pai ao inspector-geral da Educação e Ciência. O MP e a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto também tiveram conhecimento, sendo que a Procuradoria-Geral da República recebeu uma denúncia anónima dos acontecimentos. “Efectivamente, estivemos em Lisboa em Novembro, onde fomos ouvidos por um inspector da Inspecção-Geral da Educação e Ciência”, refere o pai, citado pelo JN.

O CAR opera na dependência do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e o director de comunicação desta instituição, Jorge Orlando Queirós, disse àquele diário que “não existe nenhum caso relacionado com alegado abuso sexual cometido entre jovens residentes no Centro de Alto Rendimento do Jamor”, mas afirmou que “o IPDJ tem conhecimento de que houve uma queixa efectuada pelo pai de um atleta junto da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, relacionada com comportamentos cívicos desadequados protagonizados por jovens atletas residentes”.

O JN avança ainda que a CPCJ apresentou queixa à Inspecção-Geral de Educação e Ciência e que o conhecimento da instituição é de que o processo de inquérito ainda está em curso. 

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