Guiar sem cabeça

Haverá outro caso de saúde pública, responsável por tantos mortos e feridos, que seja tão fácil de resolver?

Fredrick Kunkle escreveu no Washington Post sobre a condução desatenta e as ideias de Jay A. Winsten para combater este mortífero perigo público. Winsten foi um dos responsáveis pela campanha contra a condução alcoolizada nos EUA e, infelizmente, sabe do que fala.

A má notícia é que ainda falta muito para poder inverter o número cada vez maior de fatalidades. Não é apenas a mania, que em Portugal se tornou num hábito, de falar ao telemóvel enquanto se está ao volante.

O problema é a distracção em si. Muitos condutores já não conseguem concentrar-se na estrada. Aborrecem-se e querem distrair-se. Uma maioria de colisões atribui-se à distracção de estar a conversar com um passageiro. Basta tirar os olhos da estrada durante meio-segundo: é quanto basta para matar.

Winsten diz que, tal como aconteceu com a condução embriagada, vai levar algum tempo a envergonhar os condutores. Precisamos de aceitar que os comportamentos distractivos são acessos inaceitáveis de egoísmo em alguém que "se dispõe a correr riscos com as vidas de outras pessoas". Não é indiferença mas é negligência.

Haverá outro caso de saúde pública, responsável por tantos mortos e feridos, que seja tão fácil de resolver, sem investimentos humanos ou financeiros? Será mesmo preciso esperar que os americanos consigam primeiro diabolizar a condução desatenta?

O mês passado, a GNR fez uma excelente campanha contra a circulação na via central das auto-estradas. Falta agora outra contra o dever de prestar atenção. Sempre.

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