Portugal perfeito

Portugal pode não ser perfeito mas está perfeito. O problema agora é conseguir manter esta embriagante excelência.

Quando o presidente Marcelo faz questão de esclarecer que Portugal “não é um país perfeito” é porque no fundo, no fundo ele pensa que Portugal é perfeito. Começou finalmente a aperfeiçoar-se com a eleição de Marcelo.

Ao aproximar-se perigosamente da perfeição, Portugal corre o risco de se habituar à bela mama de ser perfeito. Instalada a complacência, com a correspondente falta de gratidão pela sorte de ter Marcelo a mandar nesta maravilha, os portugueses podem sucumbir novamente à atracção pelo abismo que é típico de nós ao longo dos séculos.

Pela primeira vez na história da civilização, Portugal tem, graças a Marcelo e aos amigos dele, um sistema político em que há harmonia total entre o governo, os socialistas, os comunistas, os esquerdistas do Bloco e, secretamente, de quase todos os sociais-democratas e metade dos democratas-cristãos que querem distanciar-se do consulado de Assunção Cristas.

O mote está lançado. Só falta dizê-lo. Porque não dizê-lo? É por vergonha? Que vergonha podemos ter de sermos tão bons? Como é que se puxa pelo comedimento e pelo auto-ódio quando somos, já há algum tempo, a inveja de toda uma Europa? Foi Portugal, por exemplo, devastado por fétidos ventos populistas? Não. Não foi, desculpem lá.

Portugal pode não ser perfeito mas está perfeito. Está mais perfeitinho do que há memória viva. O problema agora é conseguir manter esta embriagante excelência. Que nunca ouçamos dizer da boca do presidente, que Portugal “já foi mais perfeito do que é”.

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