Macedo disse a Marcelo que não há volta a dar em Almeida

Presidente da República recebe o autarca de Almeida nesta terça-feira, depois de ter ouvido a administração da Caixa. A ideia é serenar os ânimos, mas não parece haver margem para recuo.

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daniel rocha

"Quando é para cortar a direito é assim". A frase que vem de Belém mostra para que serviu o encontro do Presidente da República com o líder da Caixa Geral de Depósitos (CGD), na semana passada, assumidamente marcado para "discutir o encerramento do balcão de Almeida". Esta terça-feira é a vez de Marcelo receber António Baptista Ribeiro, o autarca que mais tem lutado contra a o fecho do balcão - um entre 61 que a administração do banco público mandou encerrar este ano, um que (alega a CGD) dava prejuizo há cinco anos.

Há quase uma semana, o ambiente foi (mais ou menos) distendido em Belém. A equipa da CGD foi ao palácio presidencial, sem grande surpresa, para discutir o caso do balcão polémico. E enquadrou o chefe de Estado com as negociações que foram ocorrendo nos bastidores. Segundo soube o PÚBLICO, Paulo Macedo explicou os pressupostos da recapitalização do banco (que Marcelo tantas vezes elogiou) e deixou claro que sem reestruturação do banco não havia luz verde de Bruxelas para uma operação que ninguém em Portugal quer que caia nas contas do défice.

Aos olhos de Belém, Paulo Macedo foi como era quando estava no Ministério da Saúde: mostrou que o plano é para cumprir. Explicando pelo meio as voltas que o caso já terá dado, desde um acordo feito com o autarca, que não se recandidata nas autárquicas; à alegada pressão política do vice-presidente que ficará no seu lugar; até à contestação dos cidadãos, que na Caixa e em Belém se atribuiu ao clima de campanha autárquica ("Já se encerraram dezenas e dezenas de balcões nos últimos anos e não se ouviu nada de parecido com isto", diz uma fonte do banco). De resto, a maior surpresa na Caixa nem foi o Presidente meter-se numa polémica com um balcão - foi a nota, divulgando o encontro publicamente.

Para Marcelo ficou clara a intenção de Paulo Macedo em "cortar a direito", alegando que abdicar do encerramento seria abrir uma "caixa de Pandora". Ficou só a disponibilidade para acompanhar o município em alternativas que dêem apoio à população que seja mais atingida. Nada de novo, também aí: já estão em Almeida dois funcionários ajudando quem precise; serão dados cartões de débito, para que todos possam usar a máquina que lá fica. E juntar-se-à um balcão móvel, com pessoal da Caixa, para dar um sentido de presença física que podia fugir com o balcão - um plano para vários municípios que começará em Julho.

Se Macedo disse que não recuaria, a dúvida é agora para que serve o encontro desta terça-feira de Marcelo com o autarca de Almeida, na véspera de mais um protesto que está marcado na cidade. Oficialmente, na Caixa Geral de Depósitos ninguém arrisca uma previsão - havia apenas a dúvida se Marcelo falaria com outros autarcas abrangidos pelo plano de fechos. O Presidente não o fará. Resta saber o que poderá fazer para resolver o conflito.

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