Passos desafia Costa a antecipar aumentos das pensões mais baixas já em Janeiro

No encerramento da Academia do Poder Local, na Guarda, o líder do PSD prometeu combate e fiscalização ao Governo de António Costa. Passou completamente ao lado das eleições autárquicas.

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Passos Coelho encerro, na Guarda, a Academia do Poder Local Filipe Farinha / Stills

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, desafiou, este domingo, o primeiro-ministro, António Costa, a dizer quanto é que tem para aumentar as pensões abaixo dos 628 euros por mês e pediu-lhe que distribua essa verba para aumentar as pensões mais baixas já a partir do dia 1 de Janeiro, e não em Agosto, quando o país estiver em vésperas de eleições autárquicas.

“Daqui até Agosto não há dinheiro para pagar [as pensões]? Está bem à vista de todos que em Agosto estamos em véspera de campanha eleitoral”, disse Passos Coelho na sessão de encerramento da terceira edição da Academia do Poder Local”, que decorreu durante quatro dias na Guarda, a cidade mais alta de Portugal.

Com uma plateia repleta de autarcas e candidatos a autarcas, era expectável que o presidente do partido falasse das eleições locais noutro contexto que não para se referir às pensões, mas Passos Coelho não tocou no assunto, desperdiçando um palco privilegiado para mobilizar o partido para o combate do próximo ano, que será um teste a sua liderança.

Centrando a sua intervenção nas propostas que o PSD entregou no âmbito do Orçamento do Estado (OE) para 2017, na passada sexta-feira, na oposição que o partido promete fazer ao Governo (até para perceber se vai ou não aproveitar as ideias que os sociais-democratas apresentaram), Passos Coelho deixou claro que não pretende ceder às críticas que muitos vão fazendo em surdina relativamente à estratégia que tem vindo a seguir como líder social-democrata.

O presidente dos Autarcas Sociais-Democratas e da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, fez um discurso à volta das eleições, desafiando todos a saírem da sua zona de conforto e a irem a jogo em 2017. Pegando no exemplo de Passos Coelho, que em 1997 foi candidato à Câmara da Amadora e perdeu, mas depois foi eleito primeiro-ministro, Álvaro Amaro lançou farpas àqueles que no partido “só estão disponíveis para serem ministros e secretários de Estado”.

Álvaro Amaro foi incansável a pedir o empenho e mobilização dos autarcas, mas não se esqueceu de desafiar Passos a descolar do discurso do passado “do qual o partido se orgulha”. “O senhor salvou o país, tem de ser portador de palavras de esperança, não temos que estar amarrados ao passado do qual nos orgulhamos, mas temos de nos projectar para o futuro”, declarou Álvaro Amaro.

Indiferente a desafios que tenham a ver com eleições locais, Passos Coelho foi à Guarda acusar o Governo de António Costa de estar “capturado” pela dificuldade em fazer “reformas importantes”, afirmando que cabe aos sociais-democratas “fazer essas reformas e que o partido trabalhará no sentido de as apresentar”. Deixou claro que a oposição ao Governo não se esgota nas propostas do PSD ao Orçamento do Estado.

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