"Lúcido", "sóbrio", "sério". Os tributos a Medina Carreira

Henrique Medina Carreira, antigo ministro das Finanças, morreu na segunda-feira aos 86 anos.

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Medina Carreira no seu espaço de comentário na TVI DR

Marcelo Rebelo de Sousa

Portugal perdeu um homem corajoso e de pensamento livre. Henrique Medina Carreira foi ministro das Finanças em momentos difíceis, mas a sua visão crítica perdurou como comentador, professor, escritor, cidadão inconformado - noutros momentos igualmente complexos destas quatro décadas de Democracia.

Pessimista para alguns, realista para outros, todos decerto estaremos gratos pela sua frontalidade, exigência e atitude de rigor - que faz falta em qualquer sociedade.

Os seus polémicos avisos na área económica ficarão na memória dos portugueses, num momento que é de profundo pesar e respeito pela sua memória. Portugal perdeu um Homem a quem o Presidente da República presta homenagem. [site da Presidência]

António Costa

“Perdi um amigo que herdei do meu pai e Portugal [perdeu] uma voz atenta e empenhada em que o cepticismo era um inteligente desafio de lucidez” (Twitter)

Mário Centeno

O ministro das Finanças destacou a "coragem, determinação e rigor" de Medina Carreira, apontando o seu "inconformismo e espírito de acção" como "exemplos de vida".

Mário Centeno lamenta "profundamente" a morte do antigo ministro, salientando a "coragem" que demonstrou ao "assumir a pasta das finanças num momento que se sabia difícil para o país". Centeno elogiou ainda "a determinação e o rigor que empreendeu em todas as decisões que tomou”, acrescentando que "foi o ministro que negociou o primeiro empréstimo do FMI [Fundo Monetário Internacional], com a sabedoria de procurar o melhor caminho para Portugal".

"Desta experiência todos herdámos um profundo conhecedor do sistema financeiro e tributário português que sempre colocou o seu conhecimento ao serviço do país".

Cavaco Silva

Aníbal Cavaco Silva lembra o "homem de grande independência de pensamento, revelada desde logo quando foi ministro das Finanças do I Governo Constitucional liderado por Mário Soares, [e que] nunca se deixou influenciar por pressões de natureza partidária".

Para o ex-chefe de Estado, Medina Carreira "contribuiu pedagogicamente para alertar os portugueses para as restrições e condicionantes graves que Portugal enfrentou no domínio orçamental, no domínio das contas externas, no domínio da poupança e no seu sistema financeiro".

"Visto por muitos como um pessimista, era sobretudo um homem de uma notável lucidez, cuja visão esclarecida e despolitizada da realidade portuguesa fará certamente muita falta a Portugal. Tinha por ele um enorme apreço pessoal e um grande respeito intelectual. Li com atenção os livros que escreveu sobre fiscalidade e que teve o cuidado de me enviar".

Eduardo Catroga

“Foi uma pessoa altamente cotada, sóbrio, um óptimo ministro das Finanças no contexto da sua época” (Lusa)

António Nogueira Leite

“Para além de uma longa e variada carreira profissional, teve uma intervenção pública sempre pautada pela argúcia, pela independência e pela seriedade. (…) No fim vai fazer muita falta” (Jornal Económico)

Luís Campos e Cunha

“Era um homem lúcido e desassombrado que estudava os dossiers e tinha um grande sentido critico” (TSF)

Guilherme d'Oliveira Martins

“Foi um auxiliar precioso para muitos governos. Era um pessimista, sim, mas era o pessimismo da inteligência” (RTP)

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