Costa recebe patrões para falar sobre orçamento

Reunião foi pedida há pelo menos duas semanas pelas confederações patronais que queriam levar propostas ao Governo por antecipação.

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Primeiro-ministro vai ouvir queixas dos líderes patronais NUNO FERREIRA SANTOS

Tarde, mas talvez não tarde demais, assim esperam os presidentes das quatro confederações patronais que esta terça-feira de Carnaval são recebidos pelo primeiro-ministro à mesma hora a que, se a chuva deixar, por todo o país os foliões dos corsos carnavalescos estão a sair à rua.

António Costa recebe às 15h os patrões da agricultura, turismo, indústria e comércio e serviços, que lhe pediram uma reunião há mais de duas semanas, precisamente sobre o Orçamento do Estado para este ano. Mas o documento já está concluído, apresentado e entregue. “Vamos falar sobre o que era suposto falarmos antes de o documento estar aprovado: vamos tentar sensibilizar o primeiro-ministro para os problemas que consideramos que afectam a nossa economia e as questões que o Orçamento do Estado deveria contemplar”, disse ao PÚBLICO João Machado, presidente da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, reservando uma posição mais clara para depois do encontro.

A avaliar pelas reacções dos patrões desde que se conhece o esboço do orçamento, António Costa bem pode reservar muitas folhas do seu habitual caderno de capa verde para anotar as preocupações e críticas que vai ouvir. João Machado, por exemplo, já considerou “inaceitável” o aumento do IVA de 6 para 23% em serviços da agricultura e mostrou-se decepcionado com os aumentos de impostos previstos no orçamento. Há algumas semanas também já criticara a reposição de todos os feriados no mesmo ano e das 35 horas na função pública, numa altura em que no privado se continuam a trabalhar 40 horas por semana.

A crítica ao aumento de impostos foi geral entre os patrões. A Confederação do Comércio e Serviços considera que há uma “oneração significativa das empresas” e afirmou-se preocupada com o agravamento fiscal nos sectores dos transportes e dos automóveis. Também considerou negativos os aumentos do imposto de selo e a criação de uma taxa de 4% sobre as comissões das transacções com cartões e que vão recair sobre todos os comerciantes. A boa notícia é que o IVA de parte da restauração vai regressar aos 13%, factor que os comerciantes esperam que ajude a revitalizar o sector.

Na proposta de orçamento que divulgou na passada sexta-feira, o Governo reviu em baixa a previsão de crescimento das exportações, de 5,1% para 4,3%, em relação ao esboço inicial que enviara para Bruxelas. O mesmo aconteceu com a taxa de crescimento económico, que o Governo estima agora que seja de 1,8%, enquanto na primeira versão do documento inscrevera 2,1%. Os patrões esperam que esta descida das exportações possa ser compensada com o aumento do consumo interno.

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