Parlamento chama presidente da ERC, sindicato e trabalhadores da TSF, JN e O Jogo

Requerimentos do BE e do PCP aprovados por unanimidade na comissão de Cultura. Jornal de Notícias volta a não ir para as bancas na sexta-feira.

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Concentração de trabalhadores do JN à porta da redacção do Porto, na quarta-feira, primeiro dia de greve FERNANDO VELUDO/LUSA
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O Parlamento vai chamar a presidente da ERC e do Sindicato dos Jornalistas, trabalhadores da TSF, do Jornal de Notícias e de O Jogo para prestarem esclarecimentos sobre o despedimento colectivo previsto no Global Media Group (GMG).

O BE pediu a audição da presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), do Sindicato dos Jornalistas, da Comissão de Trabalhadores da TSF, dos conselhos de redacção do Jornal de Notícias (JN), da TSF e de O Jogo, enquanto o PCP pediu para ouvir também os delegados sindicais na empresa GMG, especialmente naqueles três órgãos de comunicação social.

Ambos os requerimentos foram aprovados por unanimidade numa reunião da Comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, esta quinta-feira.

Aproveitando a realização do Conselho de Ministros no Porto, também esta quinta-feira, trabalhadores do Jornal de Notícias entregaram ao ministro da Cultura o manifesto "Somos JN", em que a redacção defende a importância daquele órgão para o panorama mediático português, para a região Norte e para o país. Pedro Adão e Silva "mostrou-se muito sensível aos problemas do JN e do GMG", disse Augusto Correia, jornalista e delegado sindical daquela casa, ao PÚBLICO, acrescentando que o governante também se referiu à crise que afecta outros títulos da imprensa portuguesa e lamentou que as redacções estejam "depauperadas".

"O nosso objectivo é defender o jornal e alertar que o risco para toda a comunicação social é sério", acrescentou Augusto Correia, considerando "um sinal muito importante" que a Assembleia da República se esteja a interessar pelo assunto.

O GMG anunciou que vai avançar com "um processo de reestruturação, de negociação de acordos de rescisão, com carácter de urgência, num universo entre 150 e 200 trabalhadores". Segundo um comunicado interno, assinado pela Comissão Executiva do grupo, esta decisão vai abranger as diversas áreas e marcas do grupo. A Global Media diz que com isto pretende "evitar um processo de despedimento colectivo", opção que remete para "último caso".

No requerimento que apresentou no Parlamento, a deputada bloquista Joana Mortágua diz que "é do maior interesse" ouvir os jornalistas e a ERC sobre o assunto. Paula Santos, que subscreve o requerimento comunista, sustenta que "a consumar-se, a operação colocaria em causa a manutenção e o futuro de órgãos de comunicação social singulares e insubstituíveis no panorama da informação em Portugal".

Os trabalhadores do JN cumpriram na quarta e na quinta-feira dois dias de greve que fizeram com que o jornal não fosse para as bancas pela primeira vez em 35 anos. Na sexta-feira também não haverá edição, algo que os promotores do manifesto "Somos JN" dizem ser inédito. "Histórico, amargo, mas necessário. Para lutar pela sobrevivência nas próximas décadas", lê-se na conta de Instagram do movimento.

A GMG detém, além destes títulos, o Diário de Notícias (DN), o Dinheiro Vivo​, o Diário Notícias Madeira e revistas como a Evasões, a Volta ao Mundo e Men's Health. É proprietário ainda da agência Global Imagens e tem uma participação na agência Lusa.

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