Douro, um retrato da nossa indiferença

O Douro que o Presidente visita devia ser Douro real, não o dos postais ilustrados. O Douro que reflecte as feridas do conformismo e do medo de ousar, não o dos turistas na pisa dos lagares.

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O Douro, uma região presa pelo conformismo da pobreza Manuel Roberto
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Quem viajar pelo Douro nesta Primavera achará que o progresso já chegou e o futuro mora ao lado. Os barcos que cruzam o rio, os hotéis cheios de estrangeiros ou a proliferação de restaurantes de chef escondem, no entanto, uma realidade bem mais deprimente. O Douro que gera mais de metade da energia hidroeléctrica do país, que cria e exporta dois vinhos de classe mundial, o Douro do Património Mundial que a cada ano é visitado por mais de um milhão de turistas é uma região pobre. E é pobre porque é imobilista como o país, porque desbarata os seus recursos. É-o também porque está na órbita de um poder central sempre mais preocupado em assobiar para as árvores, cativar receitas ou varrer o lixo para debaixo do tapete do que encarar de frente as reformas que é preciso fazer.

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