PJ deteve dirigente do Chega por posse ilegal de arma

O secretário pessoal de André Ventura também foi alvo de buscas numa operação relacionada com um caso de ameaças que visaram um jornalista da SIC.

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A operação esteve a cargo da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da PJ Daniel Rocha
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O secretário pessoal do líder do Chega, Luc Mombito, e Nuno Pontes, vice-presidente da Secção Distrital do Porto do partido de extrema-direita​, foram esta terça-feira alvo de buscas realizadas pela Polícia Judiciária, que acabou por deter este último por posse ilegal de arma.

A informação foi confirmada pelo PÚBLICO junto de duas fontes, após ter sido avançada pela CNN e pelo Expresso. A operação esteve a cargo da Unidade Nacional de Contraterrorismo da PJ, no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa.

Nuno Pontes deve ficar detido até ser presente esta quarta-feira a um juiz no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, que lhe deverá aplicar as respectivas medidas de coacção.

Os dois elementos do Chega estão a ser investigados pelos crimes de coacção, ameaças e atentado à liberdade de imprensa devido a publicações que terão feito nas redes sociais onde, de forma directa ou encapotada, apelavam à violência contra o jornalista da SIC Pedro Coelho.

O repórter foi um dos autores da série de cinco reportagens sobre o Chega, intitulada A Grande Ilusão, que começou a ser emitida a 5 de Janeiro de 2021. José Silva e Andrés Gutierrez foram responsáveis, respectivamente, pela imagem e pela edição de imagem.

Após a emissão da primeira reportagem, o jornalista foi alvo de centenas de mensagens injuriosas nas redes sociais, algumas com ameaças directas. Pedro Coelho explicou ao PÚBLICO que não apresentou qualquer queixa, mas adianta que uma plataforma que sinaliza casos graves de ameaças contra jornalistas, o International Press Institute (IPI), publicou um comunicado em final de Janeiro de 2021 denunciando a situação.

O instituto dizia ter analisado inúmeras mensagens online e confirmava que “durante um período de várias semanas” os jornalistas receberam dezenas de mensagens ameaçadoras de apoiantes do partido.

“As mensagens incluíam ameaças de violência física contra [Pedro] Coelho, sugerindo que ele deveria ser espancado, violado ou baleado. Outro comentário apelava a que alguém ‘acabasse’ com os jornalistas e outro dizia que ‘uma corda à volta do pescoço não seria suficiente’”, exemplificava a nota, que identificava Luc Mombito como um dos autores dos insultos contra o jornalista da SIC.

O IPI indicava que a maioria dos comentários dos apoiantes do Chega foi feita no Facebook, mas referia igualmente “insultos no Twitter” que atribuía ao militante neonazi Mário Machado.

O Chega reagiu através do seu líder, André Ventura, que, no final de uma conferência de imprensa no Parlamento, disse respeitar o trabalho da Judiciária e confiar nas autoridades. "Esperamos o mesmo tratamento nos casos em que as ameaças sejam contra políticos do Chega. Tenho sido alvo de várias e, até hoje, não conheci qualquer diligência [relacionada com elas]", frisou Ventura, que garantiu já ter recebido ameaças à sua vida. A confirmar-se que qualquer um dos elementos do Chega fez de facto ameaças aos jornalistas da SIC, o líder do partido de extrema-direita promete que "haverá consequências".

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