Terroir, ano dois. Debater e promover o vinho para reforçar a identidade

As quatro grandes propostas que o Terroir, líder em conteúdos sobre vinho em Portugal, lançou na conferência do seu primeiro aniversário.

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Consolidar e afirmar a identidade das regiões vinícolas portuguesas é um dos desígnios para este segundo ano de Terroir Rui Gaudencio
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O Terroir, líder em conteúdos sobre vinho em Portugal, celebrou um ano numa conferência que decorreu, quinta-feira, no Auditório do PÚBLICO, jornal responsável editorialmente por este projecto digital diário. Deste evento saíram grandes novidades para o segundo ano do Terroir, que passa por consolidar e afirmar a identidade de cada uma das regiões vinícolas. Ou, parafraseando o sublinhado da ministra da Agricultura, Maria Céu Antunes, no encerramento do evento, a importância que a promoção da literacia vitivinícola tem e terá no crescimento do sector, dos produtores ao consumidor final.

Segundo Edgardo Pacheco, jornalista especializado em alimentação há mais de 20 anos e um dos impulsionadores do Terroir, este vai reforçar a presença no domínio da gastronomia e, em particular, do sector vitivinícola, focando a energia num conjunto de rubricas e iniciativas que ajudem a comunidade vínica, os leitores do PÚBLICO e os consumidores em geral a serem mais esclarecidos e exigentes quanto ao mundo do vinho, do copo a toda a cadeia de produção e promoção deste produto cada vez mais relevante para a economia nacional.

Para isso, Edgardo Pacheco enumera quatro linhas-mestras como as grandes apostas de entre as novidades do novo ano do Terroir: a tertúlia de enólogos, o calendário nacional de castas, o Clube Terroir e a newsletter de autor assinada por José Augusto Moreira.

A respeito da tertúlia de enólogos, as iniciativas “realizar-se-ão nas 14 regiões e começará neste segundo ano de Terroir”, introduz o jornalista. Temos uma riqueza imensa de enólogos no país, mas raramente se juntam para falar daquilo que fazem”, continua. “Queremos juntá-los num debate, a que chamamos de tertúlia porque não queremos que seja muito formal. Estas tertúlias pretendem provocar a discussão livre em forma de laboratório e perceber como cada região quer posicionar-se, quais são as tendências e para onde cada região quer ir.”

A segunda novidade é a fixação de um calendário nacional de castas. “É uma ideia entre o Terroir e o escanção Rodolfo Tristão, que é consultor em diferentes regiões e um wine educator. A ideia é identificar castas num determinado dia. Vamos criar alguns dias do zero, mas já há dias atribuídos. Por exemplo, o dia 6 de Maio é dia da Baga, a casta tinta estrela da Bairrada, que há muito é celebrada sempre no primeiro sábado de Maio”, anuncia.

“Vamos trabalhar editorialmente duas castas por mês, 24 castas por ano. Vamos associar-nos a restaurantes que queiram celebrar as castas nos seus dias inscritos no calendário nacional”, continua Edgardo Pacheco, dando um exemplo emblemático. “Há um dia muito curioso, que é o dia de um perfil de vinho, o clarete. Com um perfil mais leve, feito com castas em que as uvas não tinham adquirido ainda toda a maturidade, era comum ser o mais bebido pelos trabalhadores do vinho. Por isso, o Dia do Clarete será o 1 de Maio [Dia do Trabalhador], porque era o vinho que bebiam os trabalhadores”, regista.

O Clube Terroir é a terceira. “Vamos criar um um espaço que permita que os leitores e assinantes do PÚBLICO – e quem quiser ser sócio – se juntem num determinado dia da semana e funcionar como se estivéssemos num clube inglês”, informa Edgardo Pacheco, concretizando: “As pessoas sabem que se podem juntar à volta de um programa com duas castas e um produto gastronómico.”

“A Bairrada e Távora-Varosa são as grandes regiões do espumante. No Clube, poderão provar espumantes de diferentes regiões e produtores e ostras de diferentes origens”, exemplifica.

O Clube Terroir terá espaços físicos em Lisboa e no Porto e, em breve, serão oportunamente anunciadas as condições de adesão.

Finalmente, a quarta grande peça do Terroir, ano segundo: uma newsletter de autor, assinada pelo jornalista e crítico gastronómico José Augusto Moreira. Terá periodicidade semanal e a abordagem será em formato de crónica, “desde trabalhos mais populares a mais técnicos e da ciência que não sejam exclusivamente apenas para os leitores”, de acordo com Edgardo Pacheco.

Estas iniciativas do Terroir estão ainda em fase de estudo, mesmo que numa fase adiantada, e dependentes do debate em curso entre todos os parceiros do projecto, pelo que adiante haverá confirmação oficial dos eventos e rubricas, quer das datas, quer dos formatos definitivos.

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A conferência que assinala um ano de Terroir decorreu a 4 de Maio, no auditório do Público, em Lisboa DR

Adivinhar o futuro

Na conferência que decorreu esta quinta-feira no Auditório do PÚBLICO, em Lisboa, estiveram representados os protagonistas do sector do vinho. No painel de debate, moderado por Edgardo Pacheco, intervieram a jornalista do PÚBLICO Alexandra Prado Coelho, o vitivinicultor e gastrónomo português José Bento dos Santos, o enólogo presente nas regiões Dão, Bairrada e Douro Paulo Nunes e o presidente da Andovi, Francisco Mateus.

“Estamos sempre a tentar adivinhar o futuro. Não só em termos de produção e de como se pode dar resposta, mas em termos das ameaças para o sector do vinho”, disse Francisco Mateus, que é igualmente presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CRVA).

O presidente da organização que engloba as regiões vitivinícolas nacionais destacou as linhas fundamentais para afirmação e crescimento do sector: o futuro e as tendências. “Estamos sempre com atenção a ver o que se está a passar. A tendência no consumo, da literatura que vamos consultando e da informação que vamos recebendo diariamente está a virar-se para vinhos mais frescos, menos alcoólicos, mais leves”, sublinhou.

“E é uma tendência que as questões da sustentabilidade também marcam mais um bocadinho. Porque a preocupação dos mercados com o consumo do álcool e a sustentabilidade aumentam a procura de vinhos mais leves e que venham de regiões que ofereçam maior garantia de sustentabilidade”, afirmou.

As preocupações com a saúde e a sustentabilidade também marcaram a intervenção da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes. “O vinho, as suas propriedades e como deve ser consumido é um trabalho que tem vindo a ser feito pelo Terroir e pelo Público, e registo com grande apreço o que vai continuar a ser feito, nomeadamente nas tertúlias por todo o país”, afirmou a governante.

“Quero, por um lado, reconhecer o que de bom se está a fazer no país, quero ajudar a fazer mais e melhor e a consumir com responsabilidade e com conhecimento em relação àquilo que nós estamos a produzir”, vincou Maria do Céu Antunes.

A conferência que assinalou o primeiro ano de vida do Terroir está disponível na íntegra, na plataforma Ao Vivo.

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