Harmonização: vinhos que casam com comida asiática

Brancos, rosés, espumantes e um tinto para fazer frente às especiarias, à ousadia, à gama de sabores das cozinhas asiáticas.

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Dim sum mais suculentos ou de sabor intenso pedem vinhos frutados e com volume, sem abdicar de frescura Charles Deluvio/Unsplash

As especiarias, os ingredientes, a ousadia e a vasta gama de sabores fazem da comida asiática um verdadeiro desafio ao vinho. Abundam texturas e exotismo, mas o Vinho Verde não lhe fica aquém em diversidade. Brancos, rosés, tintos e espumantes, tudo enfrentam. A frescura e a personalidade fazem o resto.

Dim sum

Dim sum reúne uma larguíssima variedade de sabores, texturas e ingredientes em que cada peça é comida numa só dentada, ou quase.

As suas tipologias existem aos milhares em toda a China. O mais comum, na visita a um restaurante de cozinha chinesa, é o dim sum aparecer como um pãozinho cozido ao vapor, servido num cesto próprio, que vem recheado com frutos do mar, carnes picadas ou legumes. Bolinhos de arroz ou de trigo ao vapor e rolos de massa de arroz frita, também guarnecidos, são possíveis versões do que pode ser o dim sum.

Tradicionalmente servido de manhã ou no início da tarde, o dim sum é como uma experiência gastronómica de partilha que permite provar uma variedade de sabores e texturas numa só refeição.

No geral, os sabores são delicados e suaves, pelo que convém escolher vinhos de corpo leve, frutados e com frescura de sabor e acidez não severa ou incisiva.

Para os dim sum de sabor intenso ou mais suculentos, o ideal é investir na generosidade frutada e volume no vinho, sem abdicar de frescura. Aí entram em campo os vinhos rosados e espumantes.

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A tempura fica bem com espumantes onde as bolhas e a acidez se envolvem em jogos de textura estaladiça, assim como com brancos secos de acidez crocante. Quang Anh Ha Nguyen/Pexels

Tempura

Uma das preparações mais populares da cozinha japonesa e que, na sua história, inclui Portugal. A versão mais comum é a de que, no século XVI, os missionários portugueses terão introduzido a fritura rápida a alta temperatura aos japoneses desde a cidade de Nagasaki, e acabou por se tornar popular e espalhar por todo o Japão.

Assim, a tempura consiste em certos ingredientes, frequentemente marisco e legumes, envoltos numa massa (feita de uma mistura de farinha e água fria, com ou sem gás, por vezes inclui ovo, fermento em pó ou bicarbonato de sódio para tornar a fritura mais leve), depois mergulhados e fritos em óleo quente até ficarem dourados e estaladiços.

A textura delicada e estaladiça no exterior, com um interior leve e arejado, são os traços distintivos de uma tempura bem conseguida. Cozinhados por tão pouco tempo, os ingredientes mantêm intactos os seus atributos nutricionais e integridade de sabor.

A tempura fica bem com espumantes, leves e refrescantes, onde as bolhas e a acidez se envolvem em jogos de textura estaladiça, assim como com os vinhos brancos secos de acidez crocante. Vinho tinto ou rosado de álcool baixo, fresco, de frutado aberto, com taninos muito delicados e ligeiros, são os indicados.

O biryani é um prato aromático e popular para ocasiões especiais, nascido na Índia e difundido por todo o Sudoeste asiático Shreyak Singh/Unsplash
Volume, fruta, frescura, temperatura, generosidade de sabor e persistência são requisitos prioritários na escolha de um vinho para acompanhar o biryani Rui Oliveira
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O biryani é um prato aromático e popular para ocasiões especiais, nascido na Índia e difundido por todo o Sudoeste asiático Shreyak Singh/Unsplash

Biryani

O biryani é um prato aromático e popular para ocasiões especiais e celebrações na Índia, onde terá nascido, no seio das comunidades muçulmanas – hoje encontra-se difundido por todo o Sudoeste asiático.

Tem no arroz longo o ingrediente indispensável, o basmati é predominante, combinado com carne (como frango, borrego ou cabra), marisco ou vegetais, e uma mistura de especiarias e ervas aromáticas. As variantes da receita correspondem à imensidão do país.

Na sua confecção, a carne, frutos do mar ou vegetais são marinados e sujeitos a uma primeira cozedura com um misto de especiarias, como cominho, cardamomo, canela e cravinho, entre outras. Depois, esta preparação é disposta em camadas com o arroz numa panela de barro selada e cozinhada em lume brando, o que permite a fusão dos sabores e que o arroz se impregne dos sucos da carne, marisco ou vegetais.

Toda esta riqueza de sabor e suculência decreta a decisão do vinho que o acompanhará. Volume, fruta, frescura, temperatura, generosidade de sabor, até doçura, e persistência são requisitos prioritários do vinho. A seu lado, a raita, um iogurte caseiro refrescante, legumes ou chutney, podem ser bons aliados do vinho.

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A variedade de texturas e consistências faz parte da essência do pad thai. Do vinho deve-se esperar intensidade de sabor e alguma largura de corpo que abrace as múltiplas sensações do prato. Nuno Ferreira Santos/Arquivo Público

Pad Thai

O pad thai, repleto de cores e ingredientes, é a imagem de um autêntico festim de aromas e paladares. Trata-se de um popular prato tailandês de massa fina de arroz que é frita e acompanhada de vegetais, ovos, frango, camarão ou tofu.

Pulula por toda a Tailândia, como comida de rua e de restaurante. Ostenta um equilíbrio único de sabores doces, ácidos e salgados, acrescido de amendoins picados e ervas frescas, como o coentro. O molho é o que une todos os ingredientes e, por essa razão, é determinante no resultado final. Tem por base tamarindo, molho de peixe e açúcar de palma, podendo incluir alho, malaguetas e camarão seco. A presença de umami é bastante notória.

A variedade de texturas e consistências faz parte da essência do pad thai. Do vinho deve-se esperar intensidade de sabor e alguma largura de corpo que abrace as múltiplas sensações do prato. Frutado, floral, frescura e até mesmo um certo adocicado são requisitos obrigatórios para equilibrar a aromaticidade do pad thai.


Este artigo foi publicado no n.º 8 da revista Singular.

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