Galeria Municipal do Porto passa para Matadouro no final de 2024

Actual edifício, no Palácio de Cristal, só vai encerrar quando empreitada no Matadouro, em Campanhã, estiver finalizada, divulgou Rui Moreira.

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Galeria Municipal do Porto deverá instalar-se no antigo matadouro no fim de 2024. Ines Fernandes

O presidente da Câmara do Porto disse esta terça-feira que a abertura da extensão da Galeria Municipal do Porto no Matadouro, em Campanhã, está prevista para finais de 2024 e que, só nessa altura, o actual edifício encerrará para obras.

Rui Moreira, que assume também o pelouro da Cultura na Câmara Municipal a que preside, referiu que, apesar do edifício da Galeria, nos jardins do Palácio de Cristal, "estar com algumas patologias, é necessário esperar pela abertura da sua extensão no Matadouro, prevista para finais de 2024, para então poder encerrar estas instalações". "Seria impensável interromper este projecto", afirmou o autarca.

Enquanto responsável pelo pelouro e como presidente da Câmara, o autarca acrescentou que "este continua a ser um projecto muito desafiante, com o tipo de programação que produz, por ser exactamente isso que se pretende, o encantamento, a proximidade e o conhecimento do que a cidade é".

Filipa Ramos, directora artística da Galeria Municipal do Porto, que pediu para abandonar o cargo no final deste mês e que, segundo avançou também Rui Moreira esta terça-feira, não será, para já, substituída, disse aos jornalistas que a programação agora apresentada, em conferência de imprensa, é "constituída por um conjunto de projectos expositivos e curatoriais a serem desenvolvidos ao longo do ano, estando assente em dois eixos centrais".

"O primeiro tem como missão investigar, articular e expor, através da arte contemporânea, a profunda relação que existe no Porto entre cidade e ambiente natural, contexto urbano e rural, ecologia e criatividade. Imaginamos o Porto como o epicentro a partir do qual investigamos a identidade artística e os imaginários criativos contemporâneos, bem como as zonas de fricção e de tensão e luta de um território que existe para além das fronteiras conhecidas entre Portugal e Espanha, que é o Noroeste Ibérico Atlântico", explicou.

Este eixo irá concretizar-se através de duas exposições: "Desejos Compulsivos", que considera as questões da extracção do lítio entre natureza e economia no território do Norte da Península Ibérica; e, no final de 2023, a exposição "Norte Silvestre e Agreste", que irá analisar os imaginários rurais e mitológicos criados por jovens artistas entre o Norte de Portugal e a Galiza.

O segundo eixo visa revelar "a forma como a vida artística do Porto existe em diálogo e permuta com um contexto internacional vibrante e actualizado, concretizando a sua vocação e aspiração cosmopolita através de iniciativas de ponte como exposições, residências, festivais, apoios à internacionalização", disse.

Exemplos disso serão a exposição "Dueto" (16 de Setembro), um diálogo entre uma jovem artista do Porto, Maria Paz, e "uma grande veterana" da arte norte-americana, Joan Jonas, e a exposição do Prémio Paulo Cunha e Silva (17 de Junho) que irá dar a oportunidade a três jovens artistas de estar numa das residências parceiras (nos Açores, na Escócia e em S. Paulo), levando a reputação do prémio e do apoio da cidade às artes para fora de portas.

"Desejos Compulsivos" - que é inaugurada no sábado - aborda a problemática existente entre extractivismo e exaustão, produtividade e burnout, através das suas diferentes escalas.

Com curadoria de Marina Otero Verzier, a exposição toma como ponto de partida os planos de extracção de lítio em curso no Norte de Portugal e as lutas das comunidades locais pelas suas vidas e os seus direitos.

Entre Maio e Novembro, decorrerá a iniciativa "Música entre Espécies Companheiras", "uma série de concertos concebidos e realizados para, e com, cães, os seus companheiros humanos e outras presenças mais-do-que-humanas que se queiram juntar a estas sessões".

Inspirados no "Manifesto das espécies companheiras", de Donna J. Haraway, e em estudos científicos sobre a inclinação dos cães para o som e a música, os concertos irão ter em conta "as sensibilidades e capacidades auditivas únicas" destes animais.

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