“Afronta” e “bolha do PS”: partidos reagem às nomeações de ministros

O PCP considera que a continuidade anunciada não é suficiente e a IL diz que “António Costa “voltou a pensar no partido em vez de no país”.

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Marina Gonçalves e João Galamba, nomeados esta segunda-feira ministros da Habitação e das Infra-estruturas, respectivamente LUSA/Lusa

O Chega considera que a nomeação de João Galamba para Ministro das Infra-estruturas é uma “afronta ao Estado de direito” e o PCP critica o anúncio da “continuidade” nas políticas da habitação, considerando-as insuficientes. A IL afirma que António Costa “voltou a pensar no partido em vez de no país” e o Livre diz ser “altura [da Governação] sair da bolha do PS”.

Ao início da noite desta segunda-feira os partidos foram reagindo à comunicação de António Costa a propósito dos dois novos ministros: João Galamba e Marina Gonçalves. André Ventura, líder do Chega, acusou o governo de aparelhismo e apontou o dedo directamente a João Galamba, novo ministro das Infra-Estruturas. “A incapacidade de rejuvenescer e ir buscar qualidade à sociedade civil é hoje clara. Temos um governo de aparelho e de boys”, considerou André Ventura.

“A nomeação de João Galamba é uma afronta ao país e à justiça”, acrescentou, referindo-se à investigação do Ministério Público sobre suspeitas de corrupção envolvendo os projectos de hidrogénio em Sines (que não resultaram na constituição de Galamba como arguido). “Nomear um ministro visado pela justiça noutro inquérito parece ser uma afronta ao Estado de direito e aos portugueses”, rematou.

No início do seu discurso, o deputado do Chega apontou ainda que Fernando Medina, ministro das Finanças, ficou, após a polémica da TAP, sem “autoridade e condições políticas” para liderar esse ministério.

IL fala em “cadastro”

João Oliveira, antigo deputado do PCP, criticou o facto de o Governo garantir uma continuidade nas políticas de habitação, tal como Costa anunciou que acontecerá. No entender dos comunistas é preciso fazer mais, uma vez que a actual “política do governo não corresponde às necessidades do povo e do país”. “O que era preciso era haver uma alteração das opções políticas que o Governo tem feito”, afirmou João Oliveira.

No entender do antigo deputado, essa necessidade de alteração das opções políticas é “evidente quer em questões gerais — como o aumento dos salários e pensões ou a valorização e o reforço da capacidade de reposta dos serviços públicos — quer em relação à responsabilidade das áreas abrangidas por estas nomeações”.

Também os liberais reagiram. Carlos Guimarães Pinto, deputado da IL, afirmou que o primeiro-ministro “voltou a pensar no partido, em vez de no país”. O liberal considerou que António Costa tinha “oportunidade para ir buscar à sociedade civil pessoas com capacidades de execução e de experiência reconhecida”, optando por não o fazer. Acusou ainda o futuro ministro João Galamba de ser “ligado a José Sócrates”, o que no seu entender “devia ser cadastro no PS”.

Segundo Guimarães Pinto, Costa foi “buscar dois ‘pedro-nunistas’” de forma “garantir um equilíbrio no Governo”. “Temos um governo claramente fragilizado”, observou, apontando de seguida o dedo a Fernando Medina: que sendo “co-responsável pela situação da TAP tinha tanta responsabilidade em sair como o antigo ministro das Infra-estruturas”, disse.

O Livre, através de Rui Tavares, notou que este governo de maioria absoluta foi o mais “instável”, apontando a geringonça como solução “mais estável” até agora. “O meu conselho para António Costa é governar sem pensar na maior absoluta”, afirmou, considerado depois “ser altura para sair da bolha do PS” e governar de forma mais aberta.

O Bloco de Esquerda e o PSD falaram antes da declaração do primeiro-ministro, ambos exigindo a demissão de Fernando Medina. Relativamente às nomeações, Luís Montenegro, líder do PSD, referiu que "Costa perdeu a capacidade de recrutamento".

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