Montenegro: “Costa perdeu a capacidade de recrutamento” e “Medina é peso morto”

Luís Montenegro diz que Medina é “peso morto” no Governo e defende a demissão do ministro das Finanças. O líder do PSD acusa Costa de ser o responsável pela crise governativa dos últimos meses.

Foto
Luís Montenegro, líder do PSD Paulo Pimenta

Pouco depois de terem sido conhecidos os novos nomes dos ministros das Infra-estruturas e da Habitação (que se dividem em dois ministérios), o presidente do PSD, Luís Montenegro, fez uma declaração a partir da sede do PSD para acusar o primeiro-ministro de ter perdido a capacidade de recrutamento e pediu a demissão do "peso morto" que diz ser Fernando Medina, ministro das Finanças. "Ou o Governo muda de vida ou os portugueses exigirão mudar de Governo", começou por declarar o social-democrata.

“António Costa perdeu a capacidade de recrutamento. Estas promoções são ir buscar aparelho ao aparelho. Ninguém sabe que Governo é este”, atirou Montenegro. O líder social-democrata virou-se ainda para Fernando Medina, que diz ter perdido "a sua autoridade política". "É um peso morto", afirma Montenegro. Esta segunda-feira, uma sondagem da Aximage revelava que 62% dos portugueses acredita que Medina devia abandonar o Governo.

Para o líder social-democrata, se Medina não sabia do percurso da secretária de Estado que nomeou, isso significa "displicência e negligência grosseira” e admite que o governante pode estar a mentir acerca do caso da indemnização de Alexandra Reis, sua ex-secretária de Estado. "Se sabia, isso significa inaptidão para ser membro do Governo", sublinha.

Para Luís Montenegro, também a administração da TAP deveria apresentar a demissão e admite que esse possa ser mais um passo para segurar o ministro das Finanças: “Se essa é a escapatória para manter o ministro das Finanças, é manifestamente insuficiente”, considera.

Segundo Montenegro, este "foi um ano de brutal instabilidade política” e “é o PS, sozinho, a desmerecer até agora a oportunidade única [de maioria absoluta conquistada nas legislativas de Janeiro de 2022]”, criticando as "gaffes e imoralidades" do Governo socialista.

Embora argumente que o PSD respeita a “vontade popular e as regras da democracia" que resultou das eleições legislativas (afastando assim um cenário de eleições antecipadas), o líder do PSD insiste no discurso da última semana e centra as críticas em António Costa, considerando-o "um só responsável” pela crise política. Mas também aponta o dedo aos “acólitos e indisfarçáveis aspirantes” a sucessores do líder socialista, referindo-se ao ministro demissionário Pedro Nuno Santos.

"O problema destes 11 meses não foram apenas os casos que atingiram os membros deste Governo. O problema é que estes casos foram e são graves, mas escondem um defeito mais profundo e de fabrico de António Costa: a incapacidade de reformar e transformar", diz Montenegro, falando ainda na "postura arrogante" e "a normalização das meias verdades" do Governo e em particular de António Costa.

"No momento da maior crise do Governo, o primeiro-ministro desapareceu. Não deu explicações. Vai reaparecer hoje, de braços caídos, a ir ao banco de reservas fazer uma remodelação que em bom rigor nem isso é. Não entra ninguém novo no Governo na altura mais crítica da vida do Governo", assinala Montenegro.

"O PSD não tem pressa de ir para o Governo"

Ainda assim, feito o balanço, para Montenegro o pior "não são os casos", mas a incapacidade do Governo travar o aumento do custo de vida, "o crime político e financeiro que o PS cometeu na TAP" e o "corte de mil milhões de euros aos pensionistas portugueses" ou a existência de mais de um milhão de portugueses sem médico de família e a incapacidade de resposta dos serviços de saúde.

Porém, o social-democrata diz que não tem pressa de ocupar o lugar de António Costa. “Estamos e estaremos aqui. Para sermos oposição hoje e alternativa de Governo. O PSD não tem pressa de ir para o Governo, mas o país tem pressa de ter um bom Governo”, diz. Mas garante que, se essa hora chegar, o PSD estará preparado. "O PSD será sempre um porto de abrigo. Não nos resignamos a pântanos, a bancarrotas e muito menos ao empobrecimento.”

Na mesma conferência, Montenegro assinalou que o PSD não decidiu ainda como irá votar na moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal, estando a decisão dependente de uma reunião com o grupo parlamentar esta terça-feira.

Sugerir correcção
Ler 22 comentários