UE aprova novas sanções ao Irão e reforça fundo de apoio à Ucrânia

Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia sancionam repressão aos protestos e venda de drones iranianos à Rússia.

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Conselho dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas EPA/CLAUDIO PERI

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia impuseram esta segunda-feira novas sanções ao Irão pela repressão dos protestos antigovernamentais e pelo envio de drones militares para a Rússia.

A UE “tomará todas as medidas possíveis para apoiar mulheres jovens e manifestantes pacíficos”, afirmou o alto responsável pela diplomacia do bloco europeu, Josep Borrell.

Teerão executou esta segunda-feira um segundo homem envolvido nos protestos, que se transformaram numa revolta popular de iranianos de todas as camadas da sociedade, representando um dos maiores desafios para a elite clerical xiita desde a Revolução Islâmica de 1979.

"Com este pacote de sanções, visamos em particular aqueles que são responsáveis pelas execuções, pela violência contra pessoas inocentes, especialmente os Guardas Revolucionários", disse, em Bruxelas, a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock.

Vinte indivíduos e uma entidade foram sancionados por abusos de direitos humanos, enquanto mais quatro pessoas e outras entidades foram adicionadas pelo fornecimento de drones à Rússia. As sanções incluem o congelamento de bens e a proibição de viajar para a UE.

“A União Europeia condena veementemente o uso generalizado, brutal e desproporcional da força pelas autoridades iranianas contra manifestantes pacíficos, incluindo mulheres e crianças, levando à perda de centenas de vidas”, afirmaram os ministros em comunicado, criticando também a entrega de drones à Rússia por parte do Irão.

"Estas armas fornecidas pelo Irão estão a ser usadas indiscriminadamente pela Rússia contra a população civil e a infra-estrutura da Ucrânia, causando destruição horrenda e sofrimento humano”, lê-se na declaração conjunta dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco europeu.

Apoio à Ucrânia

Separadamente, os ministros concordaram também em colocar mais dois mil milhões de euros num fundo que tem sido utilizado para pagar o apoio militar à Ucrânia e que, ao fim de 10 meses de guerra, encontra-se quase esgotado.

“A decisão de hoje garantirá o financiamento para continuar a fornecer apoio militar concreto às forças armadas dos nossos parceiros”, disse Borrell.

O reforço do fundo junta-se ao apoio financeiro à Ucrânia para 2023, já acordado entre os 27, no valor de 18 mil milhões de euros, que será prestado através da emissão de dívida garantida e não através do orçamento comunitário​, de modo a contornar o veto da Hungria, que manteve bloqueada a ajuda à Ucrânia numa tentativa de negociar a aprovação do seu plano de recuperação e a atribuição dos fundos europeus que reclamou.

O Governo de Viktor Orbán alega que não quer dívidas conjuntas e propôs antes acordos bilaterais com Kiev, entretanto recusados pelos ucranianos.

À margem da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, o chefe da diplomacia húngara, Péter Szijjártó, disse em Bruxelas que a Ucrânia o informou que não quer negociar um acordo de apoio financeiro bilateral, fora do pacote conjunto aprovado pela União Europeia.

Os responsáveis pela diplomacia dos países do bloco europeu discutiram também a imposição do nono pacote de sanções contra a Rússia, que poderá ser aprovado até ao final desta semana, indicou Borrell.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE abriram também caminho para uma missão militar de três anos no Níger, com 50 a 100 soldados no início e depois até 300 para ajudar o país a melhorar sua logística e infra-estruturas.

Um dos países mais pobres do mundo, o Níger enfrenta o risco de que a violência no vizinho Mali, onde militantes islâmicos estão a ganhar terreno após a retirada das forças francesas e europeias, cruze a fronteira.

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