Ventura acusa Governo de perseguir polícias. Chega desconhece se tem agentes de forças policiais como militantes

Líder do Chega considera que casos noticiados não passam de uma “amostra muito insignificante”. Ao PÚBLICO, o Chega diz não saber se e quantos elementos das forças policiais são seus militantes.

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Presidente do Chega revela que irá expor o caso à Comissão Europeia Nuno Ferreira Santos

O presidente do Chega, André Ventura, acusou esta quinta-feira o Governo de ter uma “atitude persecutória” e de “humilhação” dos polícias e afirmou vai denunciar o caso à Comissão Europeia. Por outro lado, o partido garante desconhecer a profissão dos seus militantes, pelo que não pode adiantar quantos elementos das forças policiais militam no Chega.

“O Chega é frontalmente contra, conforme os seus estatutos deixam claro, quaisquer práticas de racismo, xenofobia ou discriminação”, disse, numa declaração à imprensa na Assembleia da República, em Lisboa.

André Ventura acusou o Governo de ter uma “atitude persecutória sobre as forças policiais” e “querer espezinhar toda uma classe com base em participações de mensagens em grupos privados para denegrir a sua imagem”. “Pior, fá-lo procurando associar estas práticas a um determinado partido, que é o Chega”, criticou.

O líder do Chega classificou como “amostra muito insignificante” os casos conhecidos e referiu que se trata de “estados de alma”.

André Ventura indicou ainda que o partido vai expor o caso à Comissão Europeia, para “denunciar o clima de intimidação à polícia e de humilhação à polícia que algumas entidades estão a levar a cabo, sobretudo o Ministério da Administração Interna e o ministro da Administração Interna”.

Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou esta quarta-feira ao fim do dia que mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos, mostram que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem. Segundo a mesma investigação, todos os agentes e militares da PSP e da GNR que escreveram estas frases nas redes sociais estão no activo. Já uma investigação da revista Visão revelava que o Chega tem pelo menos dois militantes que são também membros das forças policiais.

Ao PÚBLICO, o gabinete de imprensa do Chega responde desconhecer a profissão dos seus militantes: “Aquando da inscrição de militante – que é feita online (no site do partido) através do preenchimento de um formulário – não é perguntada qual a profissão que a pessoa que se está a inscrever exerce e, como tal, o CHEGA não tem como saber as profissões dos seus militantes. Assim, o CHEGA não tem como confirmar a existência de elementos das forças policiais na sua lista de militantes.”

O gabinete de imprensa faz questão de acrescentar que o Chega “tem orgulho em ser a voz de todas as forcas de segurança e continuará a ser”.

Na quarta-feira foi divulgado que a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) vai abrir um inquérito à veracidade das notícias que referem a publicação, por agentes das forças de Segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório e que incitam ao ódio.

Numa nota do gabinete do ministro da Administração Interna é dito que José Luís Carneiro determinou à IGAI “a abertura de inquérito, imediato, para apuramento da veracidade dos indícios contidos nas notícias de hoje [quarta-feira] sobre a alegada publicação, por agentes das forças de segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas”.

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