Benfica chamou a “força aérea” ao Estoril

Um golo de Musa num lance pelo ar e dois de António Silva em pontapés de canto. Com a “força aérea”, tudo ficou fácil para os “encarnados”, que voltam a ter oito pontos de vantagem sobre o FC Porto.

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Jogadores do Benfica celebram no Estoril Reuters/PEDRO NUNES

Costuma dizer-se que é difícil redefinir o “chip” dos jogadores no regresso ao campeonato após um sucesso aos olhos da Europa. Neste domingo, o Benfica contrariou essa tese. Após a goleada e o primeiro lugar do grupo na Liga dos Campeões, os “encarnados” venceram em casa do Estoril, por 1-5, resultado que permite repor os oito pontos de vantagem para o FC Porto na I Liga.

Este resultado não é, em rigor, uma surpresa. O Benfica estava invencível nesta temporada e vinha com “embalo”, enquanto o Estoril, com bastantes ausências – e possivelmente mais “pesadas” do que as do Benfica –, apenas tentaria sobreviver. E falhou nesse labor.

Na verdade, nem a via pela qual sofreu os golos foi surpreendente: tal como indicavam as estatísticas, as debilidades do Estoril no jogo aéreo e nas bolas paradas poderiam ser exploradas por uma equipa especialmente forte nesse momento do jogo.

Benfica letal

A equipa amarela e azul até começou o jogo muito subida, mas foi sendo “empurrada” para a própria área com o passar dos minutos.

E levou para este jogo a ideia que muitos outros já têm levado: não mexer na habitual defesa a quatro, mas dotá-la de um jogador adicional – o médio defensivo – nos momentos em que, sem bola, a equipa tivesse de estar mais baixa no terreno.

Mas esse plano nem sempre funcionou. Os laterais pareceram algo descoordenados com o posicionamento de Ndiaye, já que poderiam estar mais abertos quando o médio baixava – e muitas vezes mantiveram o posicionamento-base, mais fechados.

Daqui saiu alguma facilidade para o Benfica armar cruzamentos, quase sempre com algum tempo e espaço – Grimaldo e Bah foram tendo essa “benesse” várias vezes.

Nas duas primeiras não houve finalização, na terceira, aos 25’, deu bola de Grimaldo para cabeceamento certeiro de Musa, que substituiu o lesionado Gonçalo Ramos neste jogo. E foi curioso como o avançado croata pareceu falhar o tempo de salto, já que cabeceou na fase descendente do seu movimento, algo que poderia ter prejudicado a qualidade do gesto técnico – ainda assim, não prejudicou.

Antes disso, já o Estoril poderia ter marcado (falhou Rodrigo isolado, após lapso individual de Bah no controlo do espaço interior) e o Benfica poderia ter respondido (falhou Rafa após um movimento de Musa em apoio frontal, com o português a romper pelo espaço deixado vazio pelo central arrastado pelo croata).

António um, António dois

É certo que o primeiro golo do Benfica até teve um preceito táctico interessante, mas houve, depois disso, dois golos nos quais as dinâmicas colectivas pouco ou nada influíram.

No 0-2, aos 29’, um canto deu calcanhar de Chiquinho ao primeiro poste e calcanhar de António Silva para a baliza – golo de “nota artística”, mais um sofrido pelo Estoril de bola parada (é a segunda equipa da I Liga que mais sofre por esta via).

E provou, aos 39’, que existe mesmo uma limitação. Novo canto deu cruzamento de Rafa, cabeça de Florentino ao segundo poste e cabeça novamente de António Silva, que “bisou”.

Além da dificuldade colectiva a defender este tipo de lances, o Estoril teve, nesta partida, de lidar com a ausência de Pedro Álvaro, que é o jogador da equipa com mais duelos aéreos ganhos – e também um dos melhores da I Liga nesse aspecto, segundo o Who Scored.

Nota ainda para uma jogada interessante aos 37’, que teve quase golo do Estoril (Musa desviou para a barra de Vlachodimos após um canto) e quase golo do Benfica (Pedro Silva salvou o remate de Enzo na transição a seguir ao canto).

Para a segunda parte havia 0-3. E havia, portanto, um jogo condenado a ser mais “morto”.

Sem a “obrigação” de dar mais golos aos adeptos da Luz, o Benfica foi controlando o jogo bola, sem especial intensidade, e o Estoril era incapaz de fazer muito mais do que vinha a fazer, até pela ausência de Tiago Gouveia, um dos jogadores mais dotados no plano ofensivo.

Mas nem o ritmo mais lento impediu o Benfica de engordar o marcador. Aos 67’, Neres, acabado de entrar, isolou João Mário, que finalizou com qualidade (nono golo do médio na temporada), e aos 88’ houve um “tiro” de Ristic de fora da área.

O golo de Serginho, já após os 90’, nada mudou na partida. Ficou o prémio de consolação para o Estoril.

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