Benfica enche o orgulho e os bolsos na Liga dos Campeões

Com a chegada dos “encarnados” aos oitavos-de-final da Champions, a tesouraria da UEFA terá de transferir, em breve, nove milhões e 600 mil euros para a conta do Benfica, valor que se juntará aos 45,94 milhões de euros já amealhados desde a fase de qualificação.

Jogadores do Benfica celebram na Luz
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Jogadores do Benfica celebram na Luz Reuters/PEDRO NUNES
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EPA/TIAGO PETINGA
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Ciao, “oitavos”. Arrivederci, Juventus. Com o triunfo (4-3) desta terça-feira frente à Juventus, na Liga dos Campeões, o Benfica garantiu a presença nos oitavos-de-final da prova e enviou o gigante italiano para casa.

Dizer isto equivale a lembrar que a tesouraria da UEFA terá de transferir, em breve, nove milhões e 600 mil euros para a conta do Benfica, valor que se juntará aos 45,94 milhões de euros já amealhados desde a fase de qualificação.

Três vitórias, dois empates – e, por extensão, registo sem derrotas frente aos “tubarões” PSG e Juventus –, presença garantida nos “oitavos” e possibilidade em aberto de ficar em primeiro lugar do grupo H. Possivelmente, nem o mais sonhador adepto benfiquista traçaria este cenário antes da fase de grupos. Mas se algum o fez, fez bem.

Quando a 25 de Agosto saíram dos potes do sorteio papelinhos a dizer “PSG” e “Juventus” para o grupo H da Liga dos Campeões escreveu-se que “o Benfica até pode tentar convencer-se de que a Juventus não é o que já foi, mas o PSG era um dos pesadelos do pote 1”.

Agora, precisamente dois meses depois, é inevitável que se morda a língua. O PSG não foi um pesadelo que hipotecasse o que quer que fosse e a Juventus não é, de facto, o que já foi. Mas mesmo que fosse, a dinâmica e qualidade do Benfica nesta terça-feira provavelmente dariam o mesmo desfecho – com esta ou com qualquer outra Juventus.

O 4-3 até pode parecer tangencial, mas a forma como os “encarnados” venceram foi, durante 75 minutos, tudo menos menos sofrida.

Velha em tudo

Na Luz, a “vecchia signora” mostrou-se bastante velha – na energia, mas também nos preceitos tácticos. Massimiliano Allegri montou uma equipa com ideias defensivas algo arcaicas, reféns de referências individuais pouco comuns no futebol moderno – e mais difíceis ainda quando os sistemas tácticos não são simétricos, o que complica os encaixes e as referências.

Mas este plano não era inexequível, desde que a Juventus tivesse os jogadores certos para esse labor. O problema é que… não tinha. Essa forma de defender, não sendo melhor nem pior do que qualquer outra, requer, pelo menos, que os médios tenham intensidade, mais ainda quando o adversário tem jogadores dinâmicos e rápidos, como era o caso.

Locatelli e Rabiot, dois jogadores de tremenda qualidade técnica, são, sem bola, “movidos a gasóleo”. Depois, a linha defensiva esteve sempre bastante subida e nem tinha capacidade para “abafar” os apoios frontais entre linhas de Ramos e Rafa nem tinha jogadores rápidos que permitissem fazer o controlo do espaço inevitavelmente dado nas costas.

Em suma, o plano de jogo da Juventus não parecia ter nexo com o perfil dos jogadores escolhidos e o descalabro esteve à vista.

O Benfica foi dinâmico e, sobretudo, muito intenso com e sem bola. Mesmo sem a magia de Neres, a equipa encontrou soluções criativas, essencialmente pela proximidade entre os jogadores, com triangulações curtas que deixavam os jogadores da Juventus permanentemente atrasados na chegada ao portador da bola.

Chegou até a ser sufocante a forma como o Benfica pressionou a Juventus, algo que até respondia à questão pré-jogo sobre se os “encarnados” jogariam para o empate, resultado que, em tese, já valeria o apuramento. Não só isso não aconteceu como houve um fulgor ofensivo que impressionou.

Como aconteceu

O Benfica “avisou” aos 3’ e aos 14’, antes de marcar aos 17’, num canto curto que deu cruzamento de Enzo e cabeceamento de António Silva – canto que surgiu de uma recuperação no último terço.

Apesar de a Juventus ter marcado aos 22’ – golo inicialmente anulado, após um canto, mas validado pelo VAR –, a dinâmica do Benfica foi demasiado contundente. Houve 2-1 aos 27’, de penálti (marcou João Mário), novamente numa jogada de intensidade sem bola em zona ofensiva – mérito de Aursnes.

Aos 35’, uma transição de João Mário deu cruzamento para um golo de calcanhar de Rafa, novamente num lance em que a intensidade sem bola do Benfica no último terço foi decisiva, até pela passividade dos italianos – apesar de desposicionados e atrasados, recuperaram de forma confrangedoramente lenta.

O Benfica ganhava 3-1 e os adeptos reclamavam e assobiavam Cuadrado quando este demorava a repor a bola em jogo. Por aqui se ilustra o momento que vive o Benfica dentro e fora do campo.

Aos 50’, o Benfica foi, uma vez mais, intenso a pressionar a construção da Juventus e recuperação de bola, com superioridade numérica, deu passe de Grimaldo e isolar Rafa, que “picou” por cima de Szczesny.

Só com 4-1 o Benfica se prestou a deixar a Juventus respirar. A equipa italiana começou a ter mais bola, mas sem que isso importunasse os “encarnados”, já que a falta de futebol impedia o que quer que fosse no ataque da Juve.

E quanto mais a Juventus tentava jogar mais o Benfica se divertia em transições, pelo espaço que havia para explorar. E a frase que poderia resumir o que se passava na Luz era a seguinte: eram quatro, mas, com maior acerto “encarnado” na finalização, já poderiam ser meia dúzia.

Eis que em dois minutos, sem que nada o fizesse prever, dois golos da Juventus em lances confusos na área do Benfica colocaram o resultado em 4-3. Os golos de Milik e McKennie esfriaram o ambiente na Luz, mesmo que o empate fosse suficiente para garantir os “oitavos”. E a Juventus teve mais duas grandes oportunidades de golo. Correu bem ao Benfica, mas, pelo que se tinha passado, o sofrimento era desnecessário.

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