Raça dura em pele mole e escura

Estas ideias racistas de que pessoas negras são mais resistentes e sentem menos dor persistem, ou são repescadas ciclicamente da fossa ideológica de onde nunca deveriam ter saído. Influenciam não só o tipo e condições de trabalho que lhes são oferecidas, mas até o acesso a cuidados saúde.

Corria o ano de 1808, quando Henri Grégoire publicou De la littérature des négres. O objetivo do abade francês abolicionista era o de fazer a demonstração das faculdades intelectuais e das qualidades morais e literárias das pessoas negras. Na época de Grégoire, muitas vozes defendiam que existia uma raça negra genética e culturalmente inferior. O grande filósofo David Hume dizia, numa nota de rodapé da versão revista, de Of National Caracthers (1753), que “nunca tinha havido nação civilizada de uma outra cor de pele que branca” e o não menos grande Emmanuel Kant, em Observações sobre o sentimento do belo e do sublime (1764), dizia, apesar das suas considerações sobre a questão racial se terem modificado com o tempo, que o facto de alguém “ser negro da cabeça aos pés” era a prova manifesta de que “os seus dizeres eram estúpidos”.

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