Novas buscas da PJ no âmbito da naturalização de Abramovich
Tráfico de influências, corrupção, falsificação de documentos, branqueamento e fraude fiscal estão entre os crimes investigados que envolvem a Comunidade Israelita do Porto
A Polícia Judiciária (PJ) realizou esta quinta-feira novas buscas a escritórios de advogados, contabilistas e residências no Norte do país no âmbito da investigação ao processo de obtenção da nacionalidade portuguesa do multimilionário russo, Roman Abramovich. A Operação Porta Aberta envolveu a Unidade Nacional Contra a Corrupção (UNCC) e a Directoria do Norte da Polícia Judiciária.
As diligências da PJ decorrem no âmbito do inquérito aberto a 19 de Janeiro pela Procuradoria-Geral da República, que está a ser conduzido pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), através da UNCC, na sequência de uma investigação divulgada pelo PÚBLICO a 18 de Dezembro de 2018, na qual são revelados alguns dos contornos da naturalização de Abramovich.
Já em Março deste ano, a PJ tinha realizado buscas a dirigentes da Comunidade Israelita do Porto (CIP), nomeadamente ao escritório de advocacia e casa de Francisco de Almeida Garrett, que foi na altura constituído arguido, assim como o rabino desta entidade privada religiosa, Daniel Litvak. Ambos são suspeitos de práticas ilegais na emissão de certificados comprovativos da ascendência sefardita a candidatos à obtenção da nacionalidade, entre os quais Roman Abramovich. Tudo ao abrigo da Lei da Nacionalidade (alterada em 2013) que permite a obtenção de cidadania aos descendentes destas antigas comunidades que receberam ordem de expulsão de Portugal no final do século XV.
“Esta operação sucede a outras, já realizadas no mês de Março, no Norte do país, relacionadas com a regularidade e licitude do procedimento de aquisição de nacionalidade Portuguesa ao abrigo do disposto no n.º 7 do artigo 6.º da Lei n.º 37/81, de 3 de Outubro e surge da necessidade de obter prova em novos locais entretanto identificados na investigação já desenvolvida”, explicou esta tarde a PJ, em comunicado.
Alvo de sanções da União Europeia, Reino Unido, EUA, Canadá e Austrália pelas suas relações de proximidade com o governo russo liderado por Vladimir Putin, Abramovich - que já tem nacionalidade israelita (para além da russa), desde 2018 – conseguiu naturalizar-se português num processo que durou apenas seis meses.
Notícia alterada às 18h, na sequência de uma nota da PJ que deu conta de quem em causa estará um crime de “tráfico de influências” e não um crime de “tráfico de estupefacientes” como referia um comunicado anterior.