Igor Benevenuto é o primeiro árbitro FIFA a assumir homossexualidade

Videoárbitro brasileiro ganha coragem para abordar um tema sensível no desporto: “Há muitos homossexuais no futebol e 99,9% estão dentro do armário”.

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Igor Benevenuto DR

Igor Benevenuto está a desbravar caminho no futebol de elite, em particular no mundo da arbitragem, mas não apenas dentro de campo. O brasileiro tornou-se, na sexta-feira, no primeiro árbitro com insígnias da FIFA a assumir abertamente a homossexualidade.

Em entrevista ao podcast Nos Armários dos Vestiários, do grupo Globo, Benevenuto explicou que nunca foi alvo de ofensas de colegas árbitros, jogadores e treinadores pela sua orientação sexual, embora no futebol o tema da homossexualidade seja “algo praticamente proibido”.

“Dentro do estabelecimento, a minha homossexualidade não é segredo. E sempre fui bastante respeitado. Mas há muitos homossexuais no mundo do futebol e 99,9% estão dentro do armário. Há árbitros, jogadores, treinadores, casados, com filhos, separados, com vida dupla. Há de tudo. Nós existimos e merecemos o direito de falar sobre isso e de viver normalmente”, defendeu o árbitro de 41 anos.

Benevenuto, enfermeiro de profissão, é árbitro desde os 18 anos e integra a lista de internacionais da FIFA na função de VAR (videoárbitro). “Foi uma profissão que eu escolhi para esconder a minha sexualidade. Eu odiava futebol. Gostava de brincar com outras coisas, com carros, fazer de motorista de autocarro, de médico, mas para poder conviver com os meus amigos tive de gostar de futebol”, explicou.

Confessando que participou em várias sessões com psicólogos, para tentar aliviar o sofrimento e desenvolver competências para lidar com o problema, revelou que a partir do momento em que entrou no futebol se viu envolvido num dilema: “A nossa sociedade é muito preconceituosa e o futebol é doentio em relação a isso. Tenho muito medo de receber represálias de equipas, de jogadores, de torcedores [adeptos]. Ao mesmo tempo que sinto necessidade de o fazer [de falar], sinto também de não o fazer”.

Citada pelo Globoesporte, a FIFA reagiu entretanto a esta tomada de posição de Igor Benevenuto, saudando a decisão. “A FIFA acredita fortemente que o futebol é para todos. E o facto de Igor se esforçar para ser fiel a si próprio é um momento importante para o futebol no Brasil e noutros países do mundo”.

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