Portugal disponibiliza apoio técnico para candidatura da Ucrânia à UE e para reconstruir escolas e jardins de infância

António Costa está em Kiev, onde teve uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

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O primeiro-ministro, António Costa, em visita à Ucrânia EPA/OLEG PETRASYUK

O primeiro-ministro, António Costa, disse este sábado em Kiev, que Portugal vai dar “apoio técnico” ao processo de candidatura da Ucrânia à União Europeia, assim como se disponibilizou para ajudar na reconstrução de uma zona geográfica do país ou do sistema educativo, nomeadamente, de escolas e jardins-de-infância.

No seguimento de um encontro com o presidente da República ucraniano, Volodymyr Zelensky, na capital ucraniana, com o objectivo de estabelecer um acordo financeiro bilateral e discutir a relação da Ucrânia com a UE, António Costa disse que acolhe “de braços abertos a opção clara que a Ucrânia fez pela Europa”, referindo-se à vontade do país de aderir à UE.

O líder do executivo português afirmou que aguarda “com expectativa o relatório da UE sobre a perspectiva europeia da Ucrânia e a integração na UE”, que será discutido no Conselho Europeu em Junho, mas já se disponibilizou para dar “apoio técnico” e trocar “experiências” para apoiar “esta ambição da Ucrânia”, a partir da visita do chefe de gabinete de Zelensky a Portugal no próximo mês.

Questionado pelos jornalistas sobre a divisão entre os Estados-membros da UE relativamente à adesão da Ucrânia, António Costa defendeu que é preciso “trabalhar para construir posições de unidade”, relembrando que a UE tem conseguido superar visões e responder de forma unida” no passado.

O pior que a UE podia fazer à Ucrânia era dividir-se”, acrescentou, salientando que “Portugal nunca tem a posição do não”, mas sim “a posição do ‘vamos lá encontrar o ponto de entendimento entre os 27'”.

O primeiro-ministro reforçou também a necessidade de bloquear “todas as importações dos combustíveis provenientes da Rússia”, disponibilizando-se para “ajudar a criar opções logísticas” a fim de que outros países mais dependentes do gás e petróleo russos encontrem “outras fontes de fornecimento”.

Recordando que Portugal ajudou a Ucrânia a nível humanitário, militar e das sanções, deixou ainda uma palavra de agradecimento à comunidade ucraniana que contribuiu “para o desenvolvimento” de Portugal nas últimas décadas.

No início da conferência de imprensa conjunta, Volodymyr Zelensky classificou como “importante” a visita de António Costa a Kiev, no Dia da Europa, tendo assinalado “a proximidade de Portugal”, que, nota, “está a ajudar desde os primeiros dias da guerra”.

"Estamos muito gratos pela ajuda”, afirmou, valorizando ainda o “apoio financeiro”, que os dois países vão oficializar num protocolo bilateral, e a posição de Portugal face às sanções à Rússia.

Sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia, Zelensky afirmou que a reunião com António Costa permitiu clarificar que Portugal “apoia essa integração” e “o estatuto como candidato para a entrada na União Europeia”.

O primeiro-ministro, que tutela os Assuntos Europeus, está de visita à Ucrânia para assinalar o apoio ao país, um mês depois do discurso de Zelensky na Assembleia da República, a convite do seu homólogo, Denys Shmygal.

Ontem, em visita à Polónia, o líder do executivo anunciou que Portugal vai dar apoio material num valor de até 50 milhões de euros às autoridades polacas para o acolhimento de refugiados ucranianos.

Ainda em Varsóvia, Costa admitiu que a integração da Ucrânia no mercado comum pode ser uma forma de responder “às necessidades concretas” do país, em alternativa à adesão à União Europeia, que tem sido um “factor de divisão” entre os Estados-membros.

Esta terça-feira, a ministra da Defesa, Helena Carreiras, anunciou em Bruxelas que Portugal está a preparar o envio de mais 160 toneladas de material para a Ucrânia.

Isto já depois de António Costa ter divulgado, na Conferência de Alto Nível de Doadores para a Ucrânia, que Portugal vai apoiar os ucranianos com 2,1 milhões de euros em apoio humanitário, dos quais um milhão para as respostas das Nações Unidas.

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