Turismo de Lisboa e salas de espetáculo da cidade contra o encerramento da Avenida da Liberdade

ATL e salas de espetáculo contra a proibição da circulação de veículos automóveis na Avenida da Liberdade aos domingos e feriados.

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Proposta do Livre prevê a proibição de circulação automóvel na Avenida da Liberdade Nuno Ferreira Santos

A Associação de Turismo de Lisboa (ATL) e as salas de espectáculo da cidade demonstraram o seu descontentamento relativamente às mudanças no trânsito da capital, aprovadas recentemente pela Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Em causa está uma proposta apresentada pelo Livre e aprovada na semana passada pela oposição numa reunião privada da CML e que prevê a proibição de circulação automóvel na Avenida da Liberdade aos domingos e feriados e a redução em 10 quilómetros/hora (km/h) da velocidade máxima permitida actualmente em toda a cidade.

A ATL defende a revogação da proposta considerando que se trata de “uma amálgama de medidas incoerentes, que afectam a actividade turística na capital”.

Numa carta enviada ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), e aos grupos políticos na autarquia, a que a agência Lusa teve acesso esta sexta-feira, a direcção da ATL manifesta a sua “perplexidade e preocupação” com o conteúdo da proposta e solicita a sua “reapreciação e revogação”.

“Como é do conhecimento generalizado, a zona da Avenida da Liberdade concentra a maior parte da oferta turística de Lisboa e, consequentemente, uma eventual medida deste tipo teria que ser cuidadosamente delimitada e enquadrada, precedida de amplo debate e acompanhada da criação de alternativas”, pode ler-se na missiva assinada pelo director adjunto da ATL, José Luís Arnaut e pelo director-geral da ATL, Vítor Costa.

No entendimento da ATL, dado o “profundo impacto, este tipo de medidas têm que ser tecnicamente rigorosas” e “ponderados os seus impactos ambientais, sociais e económicos e, em função disso, estabelecidos todos os contornos das medidas e das necessárias alternativas”.

“A proposta em causa não respeita estas condições, reflectindo antes uma amálgama de medidas incoerentes, incluindo proibições e limitações genéricas, sem sequer definir o seu âmbito concreto”, considera a ATL.

A iniciativa “pela redução da dependência dos combustíveis fósseis na cidade de Lisboa” teve sete votos contra da coligação PSD/CDS (liderada pelo presidente da autarquia, Carlos Moedas), abstenções dos dois vereadores do PCP e oito votos a favor (cinco do PS, um do Livre e um do Bloco de Esquerda).

Na quarta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa assegurou que não irá implementar as mudanças no trânsito da cidade aprovadas recentemente, enquanto não tiver garantias de que não têm um “efeito económico negativo”.

“Há uma garantia: não tomo decisões como presidente da Câmara que não estão bem sustentadas, nem financeiramente, nem economicamente. Eu não vou implementar esta medida enquanto não tiver a prova de que ela é uma medida boa para a cidade e que não tem um efeito económico negativo, sobretudo num tempo de retoma económica”, afirmou o autarca.

Esta sexta-feira, o autarca anunciou que vai pedir uma consulta pública sobre o fecho ao trânsito da Avenida da Liberdade aos domingos e feriados e estudos dos impactos desta medida aprovada pela oposição. Já o PSD disse que vai tentar vias, incluindo jurídicas, para reverter a proposta, sublinhando que não houve consulta pública ou pareceres técnicos prévios.

Salas de Espectáculo indignadas

Também várias salas de espectáculo da cidade de Lisboa demonstraram a sua indignação com a recente aprovação do encerramento ao trânsito automóvel da Avenida da Liberdade aos domingos e feriados. Uma decisão que afecta “em muito o funcionamento de todos os equipamentos culturais, nomeadamente o Coliseu dos Recreios, o Teatro Politeama, o Teatro Tivoli BBVA, o Capitólio, o Teatro Maria Vitória, o Cinema São Jorge e o Teatro Nacional Dona Maria II”, pois os domingos e feridos surgem como os dias mais importantes “por se poderem realizar sessões múltiplas, atingindo muitas vezes as 22.000 pessoas ao longo do dia”, começa por explicar o comunicado enviado às redacções.

Os domingos e feriados representam ainda “oportunidades privilegiadas para a deslocação a Lisboa de muitos espectadores provenientes de todo o país, frequentemente organizados em excursões”, algo que “contribui decisivamente para a viabilidade económica destes equipamentos culturais e para a dinamização da economia local existente ao seu redor, com evidente destaque para o comércio, hotelaria e restauração”.

Através do comunicado, as salas de espectáculo lamentam ainda que “esta decisão seja tomada sem nos ouvir, sem qualquer estudo ou parecer técnico que a suporte e sem a sensibilidade para perceber que vivemos num país com os hábitos culturais mais baixos da Europa e que a oferta de espectáculos representa uma ferramenta importante da capacidade de atracção turística e económica do país e, em particular, da cidade de Lisboa”, algo que foi transmitido na passada quarta-feira ao presidente da CML, Carlos Moedas, em reunião conjunta nos Paços do Concelho.

Os representantes dos teatros informam ainda que “vão pedir audiências aos vereadores da oposição para manifestarem também as suas preocupações.

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