Nuno Grande sobre a Casa do Conto, a Tipografia do Conto e um novo “conto” que está a nascer no Porto

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Tipografia do Conto Fernando Guerra
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Casa do Conto, no Porto (atelier Pedra Líquida) Fernando Guerra
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Tipografia do Conto, no Porto (atelier Pedra Líquida) Fernando Guerra

No 36.º episódio do podcast No País dos Arquitectos, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com o arquitecto Nuno Grande, do atelier Pedra Líquida, sobre a Casa do Conto e a Tipografia do Conto.

Com o ímpeto de trazer para o Porto um “espaço de hospitalidade”, o atelier Pedra Líquida criou a Casa do Conto, na zona da Cedofeita. Cem anos passados, sem tocar no essencial, o edifício parte da reconstrução de uma casa burguesa do século XIX. Porém, em Março de 2009, poucos dias antes da inauguração, dá-se um incêndio, que destrói completamente o seu interior: “Foi traumático porque o primeiro projecto era um projecto quase de restauro. O edifício estava em muito bom estado e, após o incêndio, ficamos apenas com as fachadas. Na verdade com a fachada principal. E tivemos de reinventar totalmente o interior”, recorda o arquitecto.

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No novo projecto, Nuno Grande e Alexandra Coutinho decidiram que tinham de reconstruir a casa melhor do que antes para reescrever a sua história. Tal como a Fénix, a casa renasceu das cinzas e foi inaugurada, em Junho de 2011, como Arts & Residence, servindo de ponto cultural com exposições, concertos, palestras, sessões de cinema, entre outras actividades.

Actualmente, a Casa do Conto relata uma história de vida única, que é, aliás, a história da própria cidade, em permanente mudança. Neste novo projecto, os arquitectos evocaram a estrutura e a decoração da casa pré-existente, utilizando materiais e técnicas tradicionais. Nas paredes, foram introduzidos ripados de madeira que fazem “lembrar a construção em tabique tradicional do Porto” e usou-se também a chapa ondulada – “que normalmente está associada às fachadas traseiras dos edifícios do Porto industrial”. Ou seja, utilizaram-se “elementos históricos para moldar o betão contemporâneo da Casa do Conto”.

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Para “homenagear o passado”, nos tectos de cada quarto, foram impressos “textos que falam sobre a casa e sobre a memória da casa”, que foi consumida pelas chamas. A partir de um trabalho interdisciplinar entre a Pedra Líquida e os designers R2, foram desenvolvidos seis contos para seis quartos. Um desses contos é do próprio Nuno Grande, que lembra a famosa citação do arquitecto Corbusier: “Une maison est une machine à habiter” (uma casa é uma máquina para habitar).

O arquitecto contrariou o pensamento de Corbusier e (re)escreveu: “La maison est un habitat a demecaniser”. “Ou seja: ‘A casa é um habitat a desmecanizar. (…) Eu acho que uma das missões da arquitectura contemporânea é desmecanizar esse processo em que, de repente, nos vemos todos enredados da habitação pré-condicionada pelo mercado acrítico e, por vezes, com pouca cultura arquitectónica”, corrobora. Os tectos em betão (apostos à cofragem) estão impressos com textos, em baixo-relevo, nos quais é possível ler diferentes passagens, excertos ou fragmentos de autores ligados a diversas áreas.

Esculpida pelas cicatrizes do tempo, esta casa mostra-nos como a história da arquitectura é também uma história de resiliência. Importa referir que o arquitecto Nuno Grande é proprietário da Casa do Conto, juntamente com a engenheira Alexandra Coutinho, tendo aqui realizado um conjunto de actividades enquanto empresários – coordenação de projecto, direcção de obra de reabilitação e gestão hoteleira: “A grande mentora deste processo é a Alexandra, minha sócia, que sempre gostou muito de estabelecer relações entre a arquitectura, a engenharia, a gestão e a hospitalidade. Esta ideia de criar um hotel era um sonho que ela tinha e que, em conjunto com outros sócios, realizámos neste primeiro projecto”, explica o arquitecto.

Tipografia do Conto

Já a Tipografia do Conto nasceu numa antiga oficina de artes gráficas e, mais uma vez, houve a necessidade de romper com a usual oferta hoteleira da cidade, cada vez mais genérica e impessoal: “Gosto muito desta ideia de estar em trânsito por cidades e descobrir cidades, através do espaço de um hotel. E aqui entra a questão exactamente: Que hospitalidade? Nós achamos que um hotel deve ser o mais próximo daquilo que nós gostamos de fazer na vida e dos lugares onde gostamos de ir. O hotel não deve estar separado da atracção que o resto da cidade exerce sobre nós. E é talvez, através do hotel – o primeiro sítio onde chegamos e pousamos as malas – que se deve dar a conhecer logo a vida, a cultura e o cosmopolitismo de uma cidade. Portanto, quisemos na Casa do Conto e na Tipografia do Conto imprimir essa história da cidade do Porto, tornando essa hospitalidade familiar, ou de proximidade. Fazendo as pessoas sentirem-se em casa”, clarifica.

Inaugurada em Março de 2019, betão, a par do ferro e da madeira; nas escadas, que têm guardas metálicas; e nos elementos decorativos dos tectos, formados por textos que aludem à ideia de impressão e edição tipográfica. Mais do que visual, a Tipografia assume um carácter táctil, onde a condição oficinal anterior se encontra ainda muito presente: “Há, realmente, a introdução de elementos em ferro electrozincado amarelo, que lembram as réguas tipográficas que existiam no edifício”, descreve.

Para além disso, existe o betão, que é o elemento base, e o conforto introduzido através de “azulejos, painéis de madeira e móveis vintage” que ajudam a contar a história do edifício. Foi aqui, curiosamente, que Nuno Grande imprimiu a sua tese de doutoramento e para “prestar homenagem às mulheres e homens que ajudaram a construir” a tese, colocou a capa desse trabalho de investigação num dos quartos do hotel.

Um novo conto

Como não há duas sem três, o colectivo Pedra Líquida adquiriu um terreno na ilha do Monte da Lapa e desafiou o arquitecto Siza Vieira a criar um novo espaço. Esse novo conto será construído numa ilha que fica no Monte da Lapa. Importa referir que o edifício circular que coroa o Monte da Lapa foi outrora um moinho com velas movidas a vento que deu guarida ao telégrafo da Lapa, importante veículo de comunicação dos liberais de D. Pedro IV, numa época em que o Porto esteve cercado pelas forças miguelistas: “Descobrimos uma ilha que tinha um moinho à venda (...) no Alto da Lapa, muito perto do Bairro da Bouça. Aliás, do Bairro da Bouça vê-se esse moinho, que fica no ponto alto. Esse lugar está repleto de histórias fundamentais para compreendermos não só a Lapa, mas a importância da Lapa nas lutas liberais, no Porto”, conta o arquitecto.

O Monte da Lapa foi uma passagem importante durante o Cerco do Porto e a Guerra Civil e é, precisamente, no coração da Invicta que a Pedra Líquida sonha conservar a identidade do lugar. O arquitecto Nuno Grande adianta que nesta intervenção está a haver conversão das ilhas: em espaços habitáveis, com melhores condições para os moradores; e a construção de uma pousada para turistas. Pensa-se ainda fazer espaços de residência para estudantes: “Parece-nos que é como sempre achamos que deve ser a cidade: multi-social, multigeracional e multicultural”.

Portanto, às “duas dimensões apreciadas no Porto histórico” (a casa e a indústria artesanal) somar-se-á uma terceira aventura do conto: a ilha colectiva, onde a estadia do turista estará integrada no mesmo contexto à dos habitantes para que ambos possam interagir e experienciar a cidade em conjunto.

É partindo desse trabalho multidisciplinar que o colectivo Pedra Líquida acredita na importância da memória para fazer arquitectura: “Eu acho que a continuidade histórica é talvez a grande lição que se pode aprender e transmitir às gerações futuras. A arquitectura nunca começa do zero. É impossível esta ideia de uma arquitectura que faz tábua rasa de tudo e que começa do zero. Aliás, penso que até o próprio Siza diz que, mesmo no deserto, nunca se começa do zero. Existe toda a bagagem intelectual, toda a memória pessoal que um arquitecto transporta... que depende de si e que tem a ver com as suas vivências em relação às gerações anteriores, experiências de vida, o ter habitado outros lugares... Isso é transportado para o projecto do presente. Não há projectos sem memória”, salienta o arquitecto Nuno Grande.


No País dos Arquitectos é um dos podcasts da Rede PÚBLICO. Produzido pela Building Pictures, criada com a missão de aproximar as pessoas da arquitectura, é um território onde as conversas de arquitectura são uma oportunidade para conhecer os arquitectos, os projectos e as histórias por detrás da arquitectura portuguesa de referência.

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