Atletas russos e bielorrussos banidos dos Jogos Paralímpicos de Inverno

Pressões políticas levaram a alteração de medidas que já foram condenadas pelo porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov.

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Andrew Parsons, presidente do IPC, lamenta a decisão e responsabiliza os governos russo e bielorusso Reuters/PETER CZIBORRA

O Comité Paralímpico Internacional (IPC) anunciou esta quinta-feira, um dia antes do início da competição,​ que os atletas da Rússia e da Bielorrússia não poderão participar nos Jogos de Inverno Pequim 2022.

Na quarta-feira, o IPC tinha decidido que os atletas daquelas duas nações podiam participar nos Jogos sob bandeira neutra, sendo excluídos do quadro de medalhas.

“Nas últimas 12 horas, um esmagador número de membros entrou em contacto connosco”, disse o presidente do IPC, o brasileiro Andrew Parsons, em conferência de imprensa.

“Disseram-nos que, se não reconsiderássemos, poderia haver graves consequências”, acrescentou Parsons, referindo-se à potencial recusa de muitos atletas de competir contra russos e bielorrussos.

Aos atletas da Rússia e Bielorrússia, Parsons disse: "lamentamos muito que sejam afectados pelas decisões dos vossos governos de violar a trégua olímpica. São vítimas das acções dos vossos governos. A situação, a agravar-se rapidamente, colocou-nos numa posição impossível tão perto do início dos Jogos”, justificou.

Pequim, que acolheu os Jogos Olímpicos de Inverno, será palco da competição paralímpica entre esta sexta-feira e 13 de Março. A Rússia tinha 71 atletas qualificados para Pequim, enquanto a Ucrânia tem uma delegação com 20 atletas.

O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, apelara já a todas as federações desportivas para que excluíssem os atletas da Rússia e da Bielorrússia.

"Uma competição justa não poderá ocorrer se os atletas russos participarem livremente, enquanto colegas ucranianos são atacados”, disse Thomas Bach. A Rússia condenou, entretanto, a decisão do Comité Paralímpico Internacional.

"Obviamente, é uma situação monstruosa. É uma vergonha para o Comité Paralímpico Internacional. Não posso dizer mais nada", afirmou em conferência de imprensa virtual o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov. "Ontem [quarta-feira], tomaram uma decisão e hoje outra”, disse Dmitry Peskov, condenando as acções do IPC.

De acordo com o presidente do IPC, a mudança no posicionamento do organismo ficou a dever-se ao facto de um grande número de países ter manifestado a intenção de não competir caso russos e bielorrussos participassem.

"No IPC, acreditamos firmemente que desporto e política não se devem misturar. No entanto, não por culpa nossa, a guerra chegou a estes Jogos e, nos bastidores, muitos governos estão a influenciar o evento", disse Parsons.

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