Neemias é um craque da NBA com algo em falta na selecção

A ida para os Estados Unidos tem dificultado a gestão da agenda do jogador entre os compromissos na América e os da selecção portuguesa, pela qual ainda só actuou nos escalões de formação.

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Neemias em acção pelos Kings Reuters/Stephen R. Sylvanie

Parece estranho um craque da NBA ainda não ter oferecido o seu talento à selecção nacional de Portugal, longe de ser das melhores do mundo no basquetebol? Para muitos, sim. Mas o jogador português dos Sacramento Kings quer corrigir isso em breve. “Chegar à selecção seria um marco muito importante na minha carreira”, assumiu, nesta segunda-feira, em entrevista dada ao Instituto Português da Juventude e do Desporto.

A ida para os Estados Unidos – primeiro para o campeonato universitário e depois para a NBA – tem dificultado a gestão da agenda do jogador de 22 anos entre os compromissos na América e os da selecção portuguesa, pela qual ainda só actuou nos escalões de formação (campeão da Europa sub-20 em 2019).

Numa conversa através do Facebook, já com algumas misturas entre inglês e português, o primeiro português na NBA abordou o percurso ainda “morno” no melhor campeonato de basquetebol do mundo.

Tem estado em destaque na G-League (uma espécie de campeonato de equipas B), mas os minutos na NBA têm sido, até ver, algo curtos, apesar da boa resposta dada em algumas aparições.

Para Neemias, tudo isto é normal e não lhe cria ansiedade, já que é na divisão inferior que mais consegue aprender. “Quando estou na G-League faz-me lembrar o que passava no Benfica e até no Barreirense [também lá jogou nas equipas B]. Aquela é a minha equipa e onde posso evoluir o meu jogo e, quando vou à equipa principal, tento ajudar e aprender para poder lá voltar”.

E é esta tranquilidade que lhe permite ser claro sobre o futuro, apesar de não ter contrato garantido para os próximos anos. “Quero fazer parte do futuro dos Kings e continuar a crescer para chegarmos aos play-off [algo que tem falhado à equipa de Sacramento]”, apontou, apesar de estar numa equipa cujo excesso de concorrência para as posições interiores do campo lhe tem retirado oportunidades de protagonismo.

Neemias Queta respondeu também a questões de fãs e revelou alguns detalhes curiosos. Confidenciou que desde os treinos preliminares com equipas da NBA (no combine, uma espécie de estágio de captações) sempre teve o palpite de que Sacramento viria a ser a sua casa e contou como é o dia de um jogador da NBA: “Treinamos às 10h, até por volta das 12h30. À tarde decidimos o que queremos fazer. Eu costumo ver muita televisão e filmes. Tenho uma old soul, por assim dizer”.

Noutro âmbito, apontou que tipo de jogador crê que seria ideal para potenciar as suas virtudes. “Um base que consiga lançar e distribuir, para tornar o jogo mais fácil para mim. Um Magic Johnson, um Stephen Curry ou um Steve Nash. Algo desse tipo”, explicou.

O poste natural do Barreiro abordou também aquilo com que teve de lidar na mudança do Benfica para o campeonato universitário americano e, depois, para a NBA: “Quando cheguei ao Benfica senti-me realizado porque sou benfiquista e estava a jogar com jogadores que sempre admirei, mas senti que não queria parar naquele ponto. Aqui, tive de aprender a jogar basquetebol dois níveis acima do que eu estava habituado. Nunca sei se vou jogar dois ou 20 minutos ou se vou jogar contra um all star ou um rookie. Há muitos níveis diferentes e isso ajuda-me a evoluir o meu jogo”.

“Quando vamos para a NBA estamos habituados a jogar muito tempo e ter papéis relevantes nas nossas equipas, mas cá o nível é outro, somos todos “humilhados” e temos de nos adaptar a isso”, acrescentou.

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