“Do Vale da Amoreira para o mundo”: Neemias Queta está na NBA

Poste de 22 anos foi seleccionado pelos Sacramento Kings na 39.ª escolha do draft desta madrugada. É primeiro português a entrar na liga masculina norte-americana de basquetebol profissional.

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Neemias Queta jogou três épocas pela equipa universitária dos Utah State Aggies JOE BUGLEWICZ/GETTY IMAGES

“Do vale da Amoreira para o Mundo”, como gosta de dizer. Neemias Queta tornou-se, na madrugada desta sexta-feira, no primeiro português a entrar na NBA. O poste de 22 anos foi seleccionado pelos Sacramento Kings na 39.ª posição do draft, na madrugada desta sexta-feira.

“Estou muito contente por isto acontecer. Foi lindo. Já esperava por este dia há muito tempo”, disse Neemias em declarações à Sport TV, momentos depois de a escolha ser anunciada pelo comissário adjunto da NBA, Mark Tatum.

Os Sacramento Kings foram uma das nove equipas com quem Neemias treinou individualmente depois de ter deixado boas indicações no Combine da NBA, um evento que serve para os responsáveis das equipas conhecerem melhor os principais jovens talentos à porta da liga. Segundo o jogador, o treino com a equipa que o escolheu “foi dos melhores” que realizou.

“O feedback que recebi na altura deu-me a entender que precisavam de um jogador com as minhas características. A partir daí, era só esperar e ver se era escolhido por eles ou por alguém mais cedo”, contou.

O poste português junta-se assim a Ticha Penicheiro e a Mery Andrade na lista de portugueses que chegaram às ligas norte-americanas de basquetebol profissional. E acontece até que Neemias inicia o seu percurso na mesma cidade em que Ticha Penicheiro construiu a sua carreira de sucesso: a base portuguesa foi escolhida em 1998 pelas Sacramento Monarchs, onde teve um papel decisivo para a conquista do título da WNBA em 2005, o único da história da equipa (já extinta desde 2009). Uma coincidência que não deixa Neemias indiferente.

“Traz nostalgia aos portugueses ver um português em Sacramento. É uma boa situação para mim, tendo em conta que é uma boa equipa, uma equipa jovem. A Ticha sempre foi um ídolo para o basquetebol português. Se conseguisse seguir as pisadas dela no basquetebol português, ficaria muito feliz”, admitiu.

E o que dizer do apoio dos portugueses, de quem tem recebido inúmeras mensagens? Neemias fez questão de deixar “uma palavra de apreço”. Em entrevista ao PÚBLICO um dia antes do draft, Neemias também já se tinha confessado “orgulhoso” pela forma como é acompanhado pelos portugueses, mas que isso não o faz perder o foco.

“É bom, mas agora tenho ainda mais responsabilidade porque já não estou só a lutar por mim, estou também a lutar por todos os que me apoiam.”

Os pés continuaram bem assentes na terra mesmo depois de confirmada a sua entrada na liga: “Ainda tenho muito pela frente. Estou ainda a começar a minha carreira. É uma questão de tempo para continuar a evoluir e ter uma boa carreira na NBA.”

Vestido a rigor, com um fato especialmente feito para o evento pelo alfaiate português Paulo Battista, Neemias fez questão de manter próximas as suas raízes e mostrou que a frase que inicia este texto não é dita com leviandade: na camisa que levava vestida tinha cosidas as iniciais da avó, do pai, da mãe e ainda as primeiras letras do Vale da Amoreira e respectivo código postal do bairro onde cresceu. Consigo em Los Angeles, onde aguardou pelo desfecho do draft, estava a mãe, que não tinha palavras para o filho no momento em que este foi chamado.

“Não me disse nada, só me abraçou. E o abraço que me deu disse mais do que qualquer palavra. Foi um dos abraços mais sentidos da minha vida, e vou guardá-lo para sempre”.

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