Os ares da Champions foram a vitamina do Benfica

De regresso ao campeonato, o Benfica, que se mostrou solto e competente, bateu o Vitória de Guimarães e interrompeu a caminhada pela “Via Sacra”.

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EPA/MIGUEL A. LOPES

Há algum tempo que o Benfica não ia para um jogo em momento mental positivo. O empate frente ao Ajax, na Liga dos Campeões deu à equipa de um novo fôlego e, de regresso ao campeonato, o Benfica, que se mostrou solto e competente, bateu o Vitória de Guimarães (3-0) neste domingo, no estádio da Luz.

A equipa interrompeu a caminhada pela “Via Sacra” (quatro vitórias em 12 jogos) e deixa nessa rota, sozinha, uma equipa minhota que ganhou apenas dois dos últimos dez jogos – Pepa está cada vez mais pressionado.

Para o Benfica há, ainda assim, pouco por que lutar (não é fácil chegar ao segundo lugar e é improvável que perca o terceiro), enquanto o Vitória fica à mercê do Estoril na luta pela sexta posição – “tarifa” mínima para os exigentes adeptos vitorianos.

Vitória falhou

O início do jogo foi uma amostra daquilo que tem sido o Vitória nos últimos anos: uma equipa refém de um verdadeiro goleador. Os minhotos estavam a atrair o Benfica aos corredores, para depois ferirem pelo meio, onde Meïté e Taarabt eram insuficientes para impedir Tiago Silva e André Almeida de jogarem. E os criativos isolaram Estupiñán duas vezes, aos 7’ e aos 14’, para duas defesas de Vlachodimos. Com maior eficácia vitoriana, o Benfica teria tido um tremendo problema para resolver neste jogo.

Mas foi o contrário que aconteceu. O Vitória estava a apostar de forma clara na defesa do corredor central, focando atenções em Rafa (nunca conseguiu arrancar desde trás, sendo parado em faltas) e Taarabt (também pouco espaço para jogar de frente, como gosta).

Mas como a “manta” não dá para tudo, os minhotos tiveram de confiar que compensaria dar espaço a Gilberto e Grimaldo nos corredores e a Meïté (em vez de a Taarabt) no meio. Problema: o brasileiro e o costa-marfinense estiveram particularmente assertivos neste domingo.

Aos 23’, o médio fez um passe longo para Gilberto, que cruzou de forma perfeita para uma finalização também ela perfeita de Gonçalo Ramos, de primeira, à meia-volta. Aos 37’, a mesma receita: novamente o Vitória com a equipa muito pouco larga e Meïté descobriu Gilberto com outro passe longo. Resultado: mais um bom cruzamento e mais uma boa finalização – desta vez de Darwin, de cabeça.

A opção de Pepa poderia fazer sentido no papel (é pelo corredor central que o Benfica mais perigo cria, quando embala Rafa, Taarabt e Darwin), mas foi mal aplicada na prática, com excesso de crença na incapacidade criativa de Meïté e Gilberto, jogadores habitualmente menos fulgurantes nesse pelouro – o médio acabou mesmo a primeira parte com valores acima dos 70% de acerto no passe longo.

O rating de golos esperados ao intervalo apontava que o Vitória deveria ter marcado um (e não marcou nenhum) e que o Benfica teria apenas 0,3 (e marcou dois). Daqui se percebe que foram os minhotos quem teve as melhores oportunidades, mas foi o Benfica quem teve engenho para finalizar lances de conclusão difícil.

Morto para o jogo, o Vitória regressou do intervalo igual ao que tinha ido: adormecido e desconcentrado. Maga deixou-se enganar por Gonçalo Ramos aos 52’ e, depois de perder a bola, carregou o avançado na área. Houve penálti e houve mais um golo de Darwin – o 20.º no campeonato.

Aos 62’, Yaremchuk foi lançado e o estádio uniu-se numa tremenda ovação, deixando o jogador emocionado. A entrada do ucraniano, que tem família em risco no seu país, criou, aí, um novo motivo de interesse.

Para a cerca de meia hora que faltava jogar o objectivo do Benfica, que tinha o jogo ganho, passou a ser colocar Yaremchuk na cara do golo, mas a meta ficou por cumprir, com a partida a ficar cada vez mais morna (apesar de Vlachodimos ter feito mais um par de boas defesas).

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