Movimento lança petição para evitar encerramento da Estação Central de Coimbra

Desactivação está prevista no âmbito da instalação do Sistema de Mobilidade do Mondego. Movimento Cívico pela Estação Nova quer evitar novo “erro” nos transportes da cidade.

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A Estação Nova de Coimbra vai encerrar DIGITAL CAMERA

Foi lançada uma petição para evitar o encerramento da Estação Nova de Coimbra, que leva a ferrovia até ao centro da cidade. A implementação do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) prevê a desactivação daquela estação e do caminho-de-ferro que a liga a Coimbra-B, bem como a sua substituição por autocarros eléctricos do sistema de metrobus, mas o Movimento Cívico pela Estação Nova (MCEN) acredita que há alternativa.

Daí que o grupo de cidadãos tenha lançado, no início do mês, uma petição para levar a discussão ao parlamento. “Queremos mostrar que existe um conjunto considerável de pessoas em Coimbra e na região que estão preocupadas com esta questão e, com isto, pressionar o governo a estudar uma alternativa”, diz o membro do MCEN, Luís Neto, ao PÚBLICO.

A história do SMM já é longa, recorda, desde logo com a suspensão do Ramal da Lousã, extinto há mais de uma década para que fosse instalado um metro ligeiro de superfície que nunca chegou. Depois de tantos avanços e recuos, Luís Neto considera que ainda há tempo para evitar o “erro” que seria fechar uma estação que serve 1,3 milhões de passageiros por ano.

O movimento sugere que a linha de metrobus, actualmente prevista para a beira-rio, pode passar antes pela Avenida Fernão de Magalhães, onde teria maior procura. Refere também que “a frequência e a capacidade previstas, o sistema do metrobus não conseguirá dar resposta às necessidades dos passageiros que desembarcarão numa Coimbra-B”.

O MCEN, que se vai reunir com a Câmara Municipal de Coimbra na próxima semana, foi já recebido pelo Ministério das Infra-estruturas e da Habitação. “Deram-nos razão em todos os pontos que apresentámos, mas o ministério decidiu não reverter qualquer projecto que estivesse em curso Ao mesmo tempo, disseram que, caso uma câmara sugerisse alterações, estas poderiam ser acolhidas”, descreve Luís Neto. O MIH não respondeu ao PÚBLICO até ao fecho da edição.

“Além de a CMC não ter qualquer jurisdição sobre essa obra, importa ter presente que, nesta fase, o projecto está consolidado e em fase de arranque de empreitada”, responde a autarquia por email, num texto atribuído à vereadora Ana Bastos, que tem a pasta dos transportes. “Qualquer alteração estrutural pressupõe a reformulação do projecto e a consequente perda do financiamento europeu”, acrescenta. Ainda assim, a responsável refere que, enquanto oposição, defendeu essa mesma “variante pela Fernão de Magalhães”, uma alteração que “infelizmente não vingou”.

No entanto, o movimento sublinha que este é um erro histórico. “Os governantes – tanto locais como nacionais – podem dizer que herdaram a solução, o que é verdade. Mas podem ficar para história como os que levaram a decisão a cabo ou como os que tiveram a coragem de a inverter”, diz Luís Neto.

Luís Neto dá o exemplo de um passageiro que tenha como destino o Pólo II da Universidade de Coimbra: actualmente sai na Baixa da cidade e apanha ali um autocarro; com o SMM, o passageiro terá um transbordo em Coimbra B, para o metrobus, e outro para os autocarros dos serviços municipalizados, uma vez que a rede de metrobus não passa pelo pólo II. “Uma viagem que agora se faz em 20 minutos passa facilmente para 40”, exemplifica.

Um dos argumentos utilizados pela autarquia é a necessidade de aproximar a cidade do rio, algo que só seria possível com a retirada da ferrovia, que funciona como “barreira física”. Está em consulta pública um estudo urbanístico para a frente de rio da margem direita.

Ainda assim, Luís Neto dá os exemplos de Amesterdão ou de Viena, cidades com soluções arquitectónicas que conseguem “vencer esse efeito barreira”. “É possível fazer essa ligação sem remover a linha do comboio”, sublinha.

A petição, que começou no dia 3 de Fevereiro, já tem mais de 1500 assinaturas, mas terá que chegar às 2500 subscrições para que o assunto seja avaliado em comissão parlamentar. Caso atinja 7500 assinaturas, a petição é apreciada em plenário da Assembleia da República.

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