Boavista proíbe adereços do Benfica fora da bancada visitante

Camisolas ou cachecóis das “águias” apenas podem entrar no sector visitante. Prática tornou-se comum nos estádios, tendo como ponto de maior tensão a “guerra dos adereços” protagonizada entre FC Porto e Benfica em 2011.

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Jogo entre Boavista e Benfica realiza-se na sexta-feira Diogo Nery/Arquivo

O Boavista apenas permitirá a entrada de adereços do Benfica aos adeptos que se sentem na bancada visitante, proibindo cachecóis, camisolas e outros acessórios nas restantes áreas do Estádio do Bessa. A medida consta das informações sobre os bilhetes no site do clube, com os “axadrezados” a especificarem o segundo nível da bancada Norte como a área exclusiva para estes adereços.

O jogo desta sexta-feira frente ao Benfica marca o regresso dos “três grandes” ao Estádio do Bessa em partidas com público, depois do afastamento de adeptos das bancadas devido à pandemia da covid-19. Os “axadrezados” decidiram recuperar esta proibição – usada nas partidas frente ao Sporting, FC Porto e Benfica – e proibir a entrada de adereços adversários nas bancadas onde se costumam sentar os sócios do clube.

Para os adeptos benfiquistas fora da bancada visitante, a proibição de adereços no Bessa teve início em 2016, repetindo-se novamente em 2017 e 2018. Neste último ano, os “axadrezados” alargaram esta proibição também ao Sporting e ao FC Porto.

Benfica e FC Porto tiveram “guerra de adereços” em 2011

A proibição de adereços tornou-se, nos últimos anos, prática corrente nos estádios portugueses em nome da segurança. Há quase 11 anos, esta medida foi o rastilho para uma forte guerra institucional entre FC Porto e Benfica, que deixou feridas profundas na relação já conturbada entre os clubes.

A poucos dias de um clássico no Estádio da Luz em que os “dragões” se sagrariam campeões nacionais em caso de vitória, o Benfica anunciou a intenção de proibir a entrada de todo e qualquer adereço dos adeptos portistas na Luz. Como fundamento para esta decisão, os “encarnados” invocaram o “princípio da reciprocidade”, alegando que os adeptos benfiquistas tinham tratamento igual nas deslocações ao Estádio do Dragão.

O FC Porto acusou o Benfica de promover uma “medida sectária e própria das ditaduras mais reaccionárias” e a Polícia de Segurança Pública tentou colocar água na fervura a 48 horas da partida, relembrando a clubes e adeptos que o jogo não era “uma guerra”.

Os adeptos portistas acabariam por conseguir levar para a Luz cachecóis e camisolas, sendo, contudo, proibida pelas autoridades a entrada de megafones, bandeiras e tarjas.

As polémicas em dias de derby e clássico quanto aos adereços e comportamento das claques continuaram pontualmente entre os “três grandes” após 2011, mas a implementação de zonas específicas para a permanência de adeptos adversários – as chamadas “caixas de segurança” – significou uma maior pacificação entre os clubes. Actualmente, bandeiras, cachecóis e outros adereços são permitidos nas zonas reservadas para os adeptos visitantes.

Diabos Vermelhos fora do Bessa

O grupo Diabos Vermelhos anunciou que não vai marcar presença no Bessa, depois de os “axadrezados” apenas terem disponibilizado ingressos para a Zona com Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos (ZCEAP). Para adquirir estes ingressos, o adepto tem obrigatoriamente de fornecer o número de identificação e o nome, de modo a que as equipas de segurança possam fazer corresponder o bilhete ao titular na entrada do recinto desportivo.

Em comunicado, a claque refere que recusa providenciar qualquer tipo de informação sobre os membros, dizendo que a revogação do cartão do adepto não se concretizou verdadeiramente. “Apesar de este cartão já ter sido revogado (revogação da portaria 159/2020), após uma firme luta entre adeptos e Estado português, a discriminação continua em vigor uma vez que para ingressar em tal sector é necessário ceder dados pessoais, dados esses que não são requisitados para a entrada em qualquer outro sector do estádio, levando-nos a crer que a revogação do cartão foi apenas uma medida teórica e não prática continuando a promover a segregação de cidadãos portugueses”, acusa o grupo.

Já o Benfica explica, também em comunicado, que os bilhetes para esta zona requerem sempre a informação relativa ao nome e número do cartão de cidadão do titular, confirmando que o clube não recebeu ingressos para outras zonas do estádio.

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