“Estamos a cometer os mesmos erros do Natal passado”, avisa André Peralta-Santos

Antigo director dos serviços de Informação e Análise da DGS sugere que Portugal actue já com medidas como o encerramento de bares e discotecas ou a limitação de lotações de espaços públicos. Caso isso não aconteça, o país corre o risco de enfrentar um mês de Janeiro “muito pior do que esperávamos há três semanas” devido à variante Ómicron.

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NELSON GARRIDO

O antigo director dos serviços de Informação e Análise da Direcção-Geral da Saúde (DGS) André Peralta Santos recomendou neste domingo a aplicação de mais medidas para conter a propagação do vírus SARS-CoV-2, agora acelerada pelo surgimento da variante Ómicron.

Num conjunto de mensagens sobre o tema na rede social Twitter, o médico e investigador começa por referir que “estamos a cometer os mesmos erros do Natal passado” e sugere o encerramento de locais e eventos em que há risco de supertransmissão, como bares, discotecas e espectáculos, assim como o limite das lotações de espaços públicos.

André Peralta-Santos apontou a acção do Reino Unido e da Dinamarca, dois países que estão “três ou quatro dias adiantados” a Portugal em relação à prevalência da variante Ómicron, como exemplo para o que deve ser aplicado. O país ainda “não teve a explosão de casos, mas muito provavelmente terá na próxima semana”, de 20 a 26 de Dezembro, e por isso também ainda não notou um aumento preocupante dos internamentos, um capítulo em que “continuamos com boa margem”.

No entanto, “com crescimentos exponenciais a margem pode acabar rapidamente”, nota, à imagem do que se está a passar no Reino Unido, com as hospitalizações em Londres a começarem a dar “sinais de preocupação”.

“Se tudo continuar igual, Portugal só fará um reforço de medidas não farmacológicas a 3 de Janeiro, duas semanas depois do Reino Unido e Dinamarca”, indica o antigo responsável da DGS. “Durante essas duas semanas temos dois eventos de elevado risco de transmissão (Natal e Ano Novo)”.

Caso não sejam aplicadas medidas preventivas de redução dos contágios, André Peralta-Santos afirma que o país corre o risco de um primeiro mês do próximo ano “com níveis de doença na comunidade muito elevados e pressão muito elevada nos hospitais com degradação da qualidade e acesso a cuidados não covid”.

Ressaltando que Janeiro de 2022 será melhor que o do ano passado devido a uma maior cobertura vacinal, o especialista alerta, contudo, que o mês que se avizinha “será muito pior do que esperávamos há três semanas” devido à Ómicron.

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