Perante 400 jovens, Jerónimo de Sousa critica quem anuncia morte do PCP

PCP votou contra o OE por “não estarem contidos os compromissos e os sinais de que se iriam garantir as respostas, no Orçamento e para lá dele, aos problemas que a epidemia veio tornar mais evidentes”.

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Jerónimo de Sousa a discursar no palanque LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou os que “anunciam a morte do partido”, convidando-os a olhar para os 400 jovens que no sábado se concentraram em Matosinhos numa acção da Juventude Comunista.

“É raro o dia em que nos meios de comunicação social dominante não surjam comentadores, analistas, alguns jornalistas, a anunciar o declínio irreversível do PCP, quando não a sua morte”, começou por dizer o dirigente comunista, perante 400 apoiantes num jantar na Escola Secundária Augusto Gomes, em Matosinhos.

Respaldado pelo entusiasmo da assistência, continuou o raciocínio, para usar da ironia, quando afirmou que se esses críticos tivessem assistido à marcha dos jovens que percorreu as ruas de Matosinhos e participado no convívio que se seguiu, pensariam: “Querem ver que morro antes do PCP?”

Esta declaração fez o lançamento de um discurso dirigido aos jovens e também ao Governo do PS, reiterando os motivos que levaram ao voto contra comunista no Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) e que contribuiu para o seu chumbo.

Jerónimo de Sousa começou por falar nas escolas “com problemas de condições materiais, com instalações degradadas, mal climatizadas, agora que começa o frio, com falta de professores e de funcionários”, situações “há muito” denunciadas pelo PCP e para as quais os comunistas “apresentaram propostas e exigem soluções”.

Falou também das “empresas e locais de trabalho pelo alastrar da precariedade que se tornou a regra, pelos baixos salários, pelos horários desregulados, pelo degradar das condições de trabalho”, e nas “dificuldades crescentes no acesso à habitação, na ausência de perspectivas para quem quer fazer e fruir a cultura, para quem quer praticar desporto, na quase impossibilidade de fazer face às despesas de constituir família e ter uma vida autónoma”.

Denunciou também a “participação democrática que deveria ser cultivada desde as mais tenras idades”, afirmando que todos os dias “chegam relatos de estudantes do ensino secundário a braços com dificuldades para promoverem as reuniões gerais de alunos a que têm direito, para realizarem eleições para as associações de estudantes ou mesmo com perseguições porque promovem abaixo-assinados, manifestações ou greves”, tal como acontece com “jovens trabalhadores, perseguidos por aceitarem ser eleitos como delegados ou dirigentes sindicais”.

Problemas, assinalou, “que não encontraram respostas na acção dos sucessivos governos, e que o Governo do PS optou também por ignorar”.

Depois falou sobre o OE2022 para dar resposta aos jovens e a “tantas outras pessoas” que “poderão questionar-se sobre as consequências para cada uma destas medidas” do voto contra comunista. “Já afirmámos por diversas vezes que votámos contra a proposta de Orçamento do Estado para 2022, por não estarem contidos os compromissos e os sinais de que se iriam garantir as respostas, no Orçamento e para lá dele, aos problemas que a epidemia veio tornar mais evidentes”, respondeu o líder do PCP.

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