Vacinação entre os 12 e os 17 anos sem reacções adversas graves. Madeira não quer deixar bolsas para o vírus

Região autónoma já administrou 2226 vacinas a jovens entre os 12 e os 17 anos, em modalidade casa aberta. Direcção Regional de Saúde não registou reacções adversas graves.

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Madeira é a única região que já vacinou os mais jovens LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Se fossemos apenas pelos possíveis riscos, nenhum de nós tinha sido vacinado. Herberto Jesus, director regional de Saúde da Madeira, responde assim às reticências que a vacinação contra a covid-19 em maiores de 12 anos tem provocado no país.

Na Madeira, a única região do país onde jovens entre os 12 e os 17 anos já podem ser vacinados, o processo arrancou a 31 de Julho em modalidade casa aberta. Já abrangeu 2226 jovens, números de quarta-feira, dia em que decorreu o segundo open day para este grupo etário. A terceira casa aberta, é esta sexta-feira, também no Centro de Vacinação do Funchal, mas qualquer jovem que queira ser vacinado, só precisa de se dirigir a um dos 11 centros, espalhados pela região. Um por cada concelho.

“Tudo o que tem sido feito em termos de vacinação, resulta de uma autorização de emergência, porque estamos a lidar com uma pandemia”, observa ao PÚBLICO o director regional, insistindo numa frase que tem repetido nos últimos dias. “Os vírus adoram países com muitos peritos. Em que se discute muito, e decide pouco”, diz Herberto Jesus, admitindo que o debate em torno da vacinação dos adolescentes pode ser “muito interessante” do ponto de vista académico, mas acrescenta pouco para a sociedade.

A Ordem dos Enfermeiros, a Sociedade Portuguesa de Pediatria ou a Sociedade de Infecciologia Pediátrica, consideram prudente aguardar por mais provas científicas, antes de se avançar para a vacinação de crianças saudáveis, mas Herberto Jesus contrapõe com outras opiniões, como a da Agência Europeia de Medicamentos, que validou a vacina da Pfizer para estas idades, ou da Sociedade Portuguesa de Cardiologia Pediátrica, que defende a vacinação para crianças entre os 12 e os 15 anos.

A estratégia da região autónoma, explica, passa por vacinar de forma “coerente, segura e equilibrada” todos os grupos etários, a vacinação de jovens a partir dos 12 anos surge enquadrada nesse objectivo.

“Nós temos tido dificuldade em chegar às pessoas com menos de 30 anos, e face aos indicadores que temos – aumento de infecções entre as crianças e validação da Agência Europeia do Medicamento –, avançamos para a vacinação dos adolescentes”, explica, argumentando que não faz sentido ter a população mais idosa vacinada, e deixar grupos etários por vacinar. “Estamos a criar bolsas para o vírus. Ainda mais, quando este grupo tem bastante mobilidade social e familiar.”

A região autónoma, que arrancou a campanha de vacinação a 31 de Dezembro do ano passado, já administrou cerca de 315 mil doses da vacina, numa população residente que ronda as 251 mil pessoas. A taxa de vacinação completa foi atingida para a população com mais de 60 anos, descendo ligeiramente para 87% para o escalão 50-59 anos, e de forma mais acentuada para os 25-49 anos (47%) e para os 18-24 anos (22%). Em relação ao escalão etário mais jovem (0-17 anos), as 2226 vacinas administradas, todas da Pfizer, representam cerca de 4% da população com esta idade. No primeiro dia de casa aberta, no último sábado, foram vacinados 1207 adolescentes. Quarta-feira, no segundo dia outros 478. “Foi um dia de semana, e como é necessária a presença de um dos pais ou tutor legal, tivemos menos pessoas”, considera Herberto Jesus, dizendo entre os jovens vacinados, não foram registados casos de reacções adversas graves. “Algumas ansiedades, normais. Nada mais.”

Feitas as contas, e de acordo com o boletim de vacinação actualizado semanalmente pelo governo madeirense, 56% da população residente já tem a vacinação completa, e 69% já iniciou o processo de imunização.

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