Vacinas já chegaram a 170 mil pessoas dos lares e cuidados continuados

No espaço de um mês, entre 4 de Janeiro e 4 de Fevereiro, morreram 1583 idosos em lares. Desde o início da pandemia, a covid-19 já provocou 4264 mortes entre os idosos institucionalizados.

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A vacinação contra a covid-19 nos lares arrancou no início do ano, mas ainda há 403 surtos activos em lares e estruturas de cuidados continuados Nuno Ferreira Santos (arquivo)

A vacina contra a covid-19 já chegou a cerca de 170 mil idosos e funcionários dos lares e das estruturas de cuidados continuados, segundo a Direcção-Geral da Saúde (DGS). “Aqueles que faltam vacinar são entidades que estão ou estiveram com surtos activos”, esclarece aquele organismo, mantendo a meta de ter a vacinação nos lares completa até ao final de Fevereiro, “exceptuando os surtos activos” por cuja resolução terão de continuar a aguardar.

Ainda assim, as mortes entre os idosos institucionalizados continuam a somar-se. No dia em que se iniciou a vacinação naquelas estruturas residenciais, a 4 de Janeiro, registavam-se 2617 óbitos por covid-19 de idosos em lares. Um mês depois, esse número tinha disparado para os 3750 óbitos, ou seja, em apenas um mês (aquele em que Portugal bateu todos os recordes em termos de mortalidade associada à covid-19) houve 1583 mortes entre os idosos em lares.

Contas feitas de outro modo, dá uma média de 52 mortes por dia. Parece muito. E é. Mas, se atendermos ao total acumulado de óbitos (15.649, nesta quarta-feira), as mortes em lares correspondem a 27%. Noutras fases da pandemia, nomeadamente entre Março e Abril do ano passado, as mortes em lares chegaram a representar 40% do total de óbitos

No total, desde que a pandemia chegou ao país até à meia-noite de 14 de Fevereiro, o coronavírus foi responsável por um total de 4264 mortes entre os utentes dos lares (óbitos ocorridos dentro dos lares ou em hospitais). Daquele total, 1749 mortes ocorreram em estruturas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, 1168 no Centro, seguindo-se a região Norte com 763 óbitos (Alentejo e Algarve registaram 488 e 96 mortes neste âmbito, respectivamente).

De resto, e apesar dos progressos em termos de vacinação, os dados mais actuais da DGS, que reportam ao dia 15 de Fevereiro, dão ainda conta de 403 surtos activos: 381 em lares e 22 nas estruturas da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. E é precisamente um surto que continua activo que impede o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, de declarar que todos os idosos das três instituições tuteladas por aquele organismo têm a vacinação concluída: “Em dois dos nossos lares, de são Lázaro e de Pereira de Lima, com 80 e 27 idosos, respectivamente, a vacinação já está completa, com as duas doses administradas, mas continua a faltar a estrutura residencial de Nossa Senhora da Misericórdia, que continua com casos de infecção activos.”

Com ou sem vacina, as medidas de isolamento mantêm-se intocadas, o que equivale a dizer que as “visitas digitais” dos familiares continuam a ser a norma, com direito a raras excepções. “Não temos indicações para relaxar, até porque levará o seu tempo até a vacina começar a fazer efeito”, justifica António Tavares, dizendo acreditar que “só depois da Páscoa será possível iniciar um desconfinamento controlado nos lares”.

Do lado dos privados, o diagnóstico não se altera, porquanto, como adianta João Ferreira de Almeida, da ALI – Associação de Apoio domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos, “há versões contraditórias quanto ao risco de as pessoas poderem ser reinfectadas após a primeira e mesmo após a segunda dose da vacina”. “Por outro lado, não se sabe se as pessoas vacinadas são transmissoras ou não do vírus. E, enquanto não houver certezas, não haverá visitas com direito a toque e a abraços.”

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