Um tímido “campeão de Natal” nunca foi campeão nacional

Desde que a vitória vale três pontos, a única vez em que o Sporting liderou o campeonato à jornada 11 não deu festejo em Maio. Em 2015/16, os “leões” de Jorge Jesus, “campeões de Natal”, tinham nove pontos de vantagem para o Sp. Braga e sete para o Benfica, mas acabaram de “mãos a abanar”.

Foto
Jorge Jesus foi o único treinador líder do campeonato pelo Sporting à jornada 11. Nesse ano, não acabou campeão LUSA/JOSÉ COELHO

Em 25 temporadas de Liga portuguesa, desde que a vitória vale três pontos, nunca um “campeão de Natal” tão tímido como o actual foi campeão nacional. Referimo-nos às temporadas em que, à jornada 11, o líder do campeonato e o quarto classificado estiveram separados por cinco pontos ou menos. É essa a diferença que, nesta temporada, separa o Sporting, o “campeão de Natal”, e o Sp. Braga, o mais distante dos candidatos ao título.

Uma viagem pelas últimas 25 épocas mostra que, curiosamente, um líder tão “tímido” por altura da jornada 11 – que bate quase sempre com a época natalícia – nunca conseguiu celebrar em Maio, a altura que mais interessa.

E esta trivialidade estatística, por irrelevante que seja no decorrer dos jogos, não deixa de ser um sinal de alerta para uma equipa “leonina” que, apesar de liderar a I Liga, não tem uma vantagem confortável para os rivais. E se mesmo vantagens maiores do que esta já mostraram poder ser insuficientes, esta, por maioria de razão, sê-lo-á mais ainda.

No mesmo sentido, a única vez em que os “leões” lideraram o campeonato à jornada 11 não deu festejo em Maio. Em 2015/16, o Sporting de Jorge Jesus tinha nove pontos de vantagem para o Sp. Braga e sete para o Benfica. E foram os “encarnados” que operaram a reviravolta, deixando o “campeão de Natal”, o Sporting, de “mãos a abanar”.

Sporting já virou duas classificações de Natal

Vamos a provas. Em 25 temporadas – espaço temporal definido pela implementação dos três pontos por vitória, em 1995/96 –, houve seis em que a liderança à jornada 11 era igual ou menor do que a do Sporting de Rúben Amorim. Dessas seis ocasiões, o campeão nacional foi diferente do líder de Natal em todas elas. A última vez que tal aconteceu ainda estará na memória de muita gente.

Em 18/19, o FC Porto era líder do campeonato à jornada 11, com quatro pontos de vantagem para o então quarto classificado, o Benfica. Em Maio, no dia de decidir se haveria festejos nos Aliados ou no Marquês de Pombal, a festa fez-se em Lisboa. O Benfica não só recuperou os tais quatro pontos como teve mesmo de recuperar sete – no final, ainda lhes somou mais dois.

Por outro lado, o FC Porto foi campeão em 11/12 e 08/09 depois de não ser líder no Natal – em ambas destronou o Benfica, que era “rei” na consoada –, mas os registos mais interessantes destas mudanças pós-Natal surgem já no baú de memórias.

Em 2001/02 e 1999/00 o Sporting festejou os dois últimos títulos de campeão do seu palmarés. Em ambas as ocasiões os “leões” tiveram de virar a classificação natalícia. Em 2001, estavam em quarto lugar, a cinco pontos da liderança do Boavista. Em 1999, eram terceiros, a dois pontos do Benfica.

As estatísticas dizem que, para ser campeão, o Sporting terá de contrariar a história natalícia. Mas se há ano em que isso parece possível será este, já que há muito não se via tal pujança exibicional pelos lados de Alvalade.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários