Prémios BPI “la Caixa” Rural apoiam criação de escola de pastores

A futura escola de pastores da Federação Nacional das Raças Autóctones – Fera está entre os 20 projectos de acção social em meios rurais que vão ser financiados pela segunda edição do prémio. Cada um receberá cerca de 35 mil euros.

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As vacas maronesas integram uma pastorícia mais sustentável Teresa Pacheco Miranda

No início do próximo ano, as pastagens em redor do Parque Natural do Alvão serão a sala de aula onde se cruzarão pastores e criadores de gado experientes e aprendizes de várias idades e contextos, que ali porão em prática os conhecimentos obtidos nas aulas teóricas da academia de pastores de Vila Pouca de Aguiar. O projecto é da Federação Nacional das Raças Autóctones – Fera e irá avançar em 2021 graças ao financiamento atribuído pelos Prémios BPI “la Caixa” Rural, que no próximo ano irão apoiar 20 projectos de acção social dirigidos às populações de meios rurais.

“Trata-se de uma escola de criadores e gestores de território rural através da pastorícia”, revela Duarte Marques, responsável por uma das 20 candidaturas distinguidas com uma média de 35.700 euros, a propósito da segunda edição dos prémios. A “capacitação de pessoas ligadas à pastorícia através de uma formação integrada, teórica e prática”, “o fortalecimento [da profissão] com gente nova”, “a tutoria por parte de criadores e pastores de referência” e a “valorização do território a nível económico, social e turístico” são alguns objectivos do projecto.

Não se pretende apenas ensinar e potenciar a produção agro-pecuária, mas fazê-lo de forma consciente e sustentável. “Aqui os animais usam o território para se alimentar e não para a produção de criadores”, observa. Assim, será abordado o modo como “este sistema pode ajudar a [desacelerar] as alterações climáticas”, nomeadamente com a “redução do risco de incêndio” – as vacas maronesas, espécie autóctone da região, pastam os matos chamados “combustíveis finos” –, “o aumento da resistência do território para as alterações que aí vêm” e a “preservação da biodiversidade”.

Com a duração prevista de um ano que, se tudo correr bem, será renovado, o curso vai incidir sobre questões como a gestão e maneio directo dos animais, o ciclo produtivo de bens e produtos alimentares e a gestão das pastagens e da paisagem. “A ideia também é aproveitar o conhecimento das camadas mais idosas da população.”

Além deste projecto, que vai promover o combate ao isolamento, o envelhecimento activo, a integração laboral e a pecuária comunitária, foram distinguidos projectos relacionados com a prestação de cuidados de saúde e psicossociais à população afectada pelos incêndios de Castanheira de Pêra, apoio e cuidados continuados ao domicílio, interculturalidade, apoio alimentar, coesão social e pobreza e exclusão social. 

Os Prémios BPI “la Caixa” Rural vão apoiar 20 projectos de norte a sul do país com cerca de 750 mil euros e terão um impacto social na vida de cerca de 12 mil pessoas dispersas pelos diversos territórios rurais. Além da Fera, foram distinguidas acções da Alzheimer Portugal Delegação Centro, Associação Causa - Unidos por uma Casa, Associação Espiral de Vontades, Associação Médicos do Mundo, CACFF - Centro Assistencial Cultural e Formativo do Fundão, Casa do Povo da Maia, Centro de Bem Estar Social de Vale de Figueira, Centro Social Comunitário do Peso, Centro Social e Paroquial de Parada de Gatim, Centro Social Paroquial S. Geraldo de Carrapatas, CLAP, Cruz Vermelha Portuguesa - Delegação de Bragança, ENTRAJUDA, Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Redinha, MEERU - Abrir Caminho, Novo Dia - Associação para a Inclusão Social, RUDE - Associação de Desenvolvimento Rural, Terra Mãe e  Valoriza - Associação de Desenvolvimento Local.

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