No topo da lista dos 100 mais poderosos do mundo da arte, o movimento Black Lives Matter

Edição de 2020 da Power 100, uma escolha anual da revista Art Review, inclui ainda o movimento MeToo, em quarto lugar. Não há nenhum português na lista.

Foto
RITZAU SCANPIX DENMARK/reuters

O movimento Black Lives Matter, que se tornou “um símbolo global da luta pela justiça racial”, ocupa o primeiro lugar na lista das pessoas e instituições mais influentes no mundo da arte, a Power 100, uma escolha anual da influente publicação londrina Art Review, que em 2020 voltou a privilegiar o activismo anti-racista e feminista.

O terceiro lugar foi dado à dupla de académicos que elaborou, a pedido do presidente Emmanuel Macron, um polémico relatório recomendando a restituição imediata do património das ex-colónias africanas conservado nos museus franceses – Felwine Sarr e Bénédicte Savoy –, o quarto coube ao movimento MeToo e o sexto reconhece o impacto na revalorização da arte africana do artista plástico e cineasta afro-americano Arthur Jafa, a cuja obra Serralves dedicou no segundo trimestre deste ano uma grande exposição.

O colectivo artístico indonésio ruangrupa, que irá dirigir a próxima Documenta de Kassel em 2022, aparece na segunda posição, e o restante top ten inclui ainda mais três afro-americanos: o poeta e teórico Fred Moten (quinto), a directora do Studio Museum no Harlem, Thelma Golden (oitavo) e a professora de Literatura Comparada Saidya Hartman (nono), da Universidade de Columbia.

O director do Museum of Modern Art de Nova Iorque (MoMa), Glenn D. Lowry, e a filósofa americana Judith Butler, figura de referência do feminismo e dos estudos de género, respectivamente na sétimo e na décima posição, são os únicos brancos que chegaram aos dez primeiros lugares.

Se a dimensão política e a sintonia com as causas mais mobilizadoras no mundo globalizado de hoje eram já evidentes nas edições dos últimos anos da Power 100 da Art Review, essa orientação é ainda mais nítida nesta escolha de 2020, marcada também por uma percentagem um tanto diminuta de artistas numa lista que se propõe inventariar “as pessoas mais influentes no mundo da arte”. Contando com duplas criativas, mas excluindo colectivos mais extensos, a lista de 2020 conta com apenas 22 artistas.

Logo após o top ten, seguem-se o filantropo, e presidente da Fundação Ford, Darren Walker, e dois coleccionadores: Adrien Cheng, de Hong Kong, e Pamela J. Joyner, que a Art Review designa como activista e paladina da arte afro-americana.

Em 14.º e 15.º surgem mais dois colectivos artísticos multidisciplinares: Forensic Arch, que se tem destacado na investigação de violações dos direitos humanos, e Feral Atlas, empenhado num projecto de mapeamento do Antropoceno.

O artista e cineasta britânico Steve McQueen ocupa o 16.º posto, a artista, poeta e activista chilena Cecilia Vicuña surge em 17.º, logo seguida da cineasta e escritora alemã Hito Steyerl, em cuja obra a Art Review destaca a dimensão política e a experimentação formal.

Os 20 primeiros nomes completam-se com o historiador de arte e curador Hans Ulrich Obrist, director artístico da Serpentine Gallery, em Londres, que chegou a ocupar, em 2016, o primeiro lugar desta lista, e com o pintor afro-americano Titus Kaphar, co-fundador da NXTHVN, uma organização sediada em New Haven que apoia jovens artistas e curadores negros.

A lista da Art Review de 2020 não inclui nenhum português, mas coloca em 89.º lugar os três directores da galeria brasileira Mendes Wood DM, em São Paulo: Felipe Dmab, Pedro Mebdes e Matthew Wood.

Sugerir correcção
Comentar