Queixas de crimes sexuais contra crianças aumentaram com a pandemia

Pelo menos 75% dos 600 inquéritos por abusos sexuais abertos pela PJ este ano tinham menores como vítimas.

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PAULO PIMENTA

Os crimes sexuais contra crianças aumentaram durante este ano, uma realidade que a Polícia Judiciária (PJ) associa à pandemia e ao facto de os menores terem passado mais tempo em casa. Pelo menos 75% dos inquéritos por abuso sexual abertos ao longo deste ano tinham menores como vítimas, uma proporção muito superior ao habitual em anos anteriores.

Os dados são avançados pelo coordenador de investigação criminal da Polícia Judiciária (PJ) para casos de abuso sexual na região de Lisboa e Vale do Tejo,  José Matos, em entrevista à TSF. Até ao momento, aquela força policial já deteve, só na região de Lisboa, 52 suspeitos de abusos sexuais, um número acima de todas as detenções ocorridas durante todo o ano de 2019 (48) pelo mesmo motivo. Destes, 72% estão em prisão preventiva, o que significa que “estão a existir mais crimes e mais graves”.

Cerca de 80% destas detenções estão associadas a suspeitas de abusos contra menores. A proporção é “muito superior” ao que acontecia no passado. Em sentido contrário, diminuíram os casos de abusos contra adultos, o que fica a dever-se, segundo a mesma fonte, ao facto de bares e discotecas terem estado encerrados por causa da covid-19.

No conjunto do país, a realidade é semelhante. Ao longo de 202o, foram abertos perto de 600 inquéritos por abusos sexuais. Os casos que envolvem crianças variam entre 75% e 80%. Nos primeiros meses da pandemia, as denúncias diminuíram, mas a partir do Verão, o número de casos subiu.

O responsável da PJ associa o fenómeno à pandemia e ao facto de a crianças estarem a passar mais tempo em casa. Segundo José Matos, a maioria dos abusos a menores acontecem “em meio familiar ou de proximidade física com a vítima” como “vizinhos, conhecidos ou supostos amigos”.

Em Julho, a Comissão Europeia tinha também alertado para o aumento do número de casos de abuso sexual de crianças. As autoridades europeias davam especial enfoque aos crimes ocorridos online. “Durante a pandemia, os pedófilos passavam mais tempo na internet” e também “produziram novos vídeos” que iam publicando em redes de pedofilia online - situação que, de acordo com a comissária, aconteceu um pouco por toda a UE.

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