Junta militar nomeia ex-ministro da Defesa como Presidente interino do Mali

Ba N’Daou é um coronel reformado e terá como vice-presidente o líder do golpe de Estado que depôs o Presidente Keita. Oposição e vizinhos da África Ocidental não queriam que o sucessor fosse militar.

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Assimi Goita, líder da junta militar que depôs o Presidente Keita num golpe de Estado, será vice-presidente CHRISTIAN THOMPSON/EPA

O Comité Nacional para a Salvação do Povo (CNSP) do Mali – a junta militar que organizou um golpe de Estado contra o Presidente Ibrahim Boubacar Keita, e que governa o país africano desde essa altura – nomeou esta segunda-feira o antigo ministro da Defesa e coronel reformado, Ba N’Daou, como presidente interino.

O CNSP anunciou ainda que o coronel Assimi Goita, responsável máximo da junta e líder do golpe militar de Agosto, irá assumir o cargo de vice-presidente interino.

“A cerimónia de tomada de posse terá lugar na sexta-feira, 25 de Setembro”, informou Goita, num discurso televisivo, citado pelo Le Figaro.

Os dois líderes terão como missão governar o Mali durante os próximos 18 meses, período definido pela junta como necessário para se fazer uma transição política o menos disruptiva possível, antes do agendamento de novas eleições.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e o Movimento 5 de Junho-União de Forças Patriótica (M5-RFP) – composto pelos partidos da oposição que lideraram a onda de protestos contra Keita e que negociaram com a junta militar um roteiro de transição – exigiam ao CNSP que o presidente interino fosse civil e não um militar.

A escolha de N’Daou, ex-coronel, mas com perfil político, aparenta ser a solução intermédia apresentada pelo CNSP, pelo que resta saber se a CEDEAO e o M5-RFP a vão aceitar.

Segundo a Reuters, o antigo ministro da Defesa de Keita foi escolhido por um conjunto de eleitores malianos que, por sua vez, foram nomeados pela junta militar.

Ibrahim Boubacar Keita foi alvo de um golpe a 18 de Agosto, na sequência de protestos massivos nas ruas de Bamako e noutras cidades malianas, por causa de uma decisão do Tribunal Constitucional de Abril, que deu razão às pretensões do partido União para o Mali, do ex-Presidente, para governar sem ter o apoio necessário no Parlamento.

O golpe de Estado do mês passado foi o quarto desde 1960 no Mali, quando o país da África Ocidental deixou de ser colónia francesa e se tornou independente.

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