Já há onde se possa voar em carrosséis — desinfectados a cada volta — e comer farturas

Os proprietários dos equipamentos de diversão pediram e a câmara de Aveiro autorizou. Até 26 de Setembro, o recinto exterior do Parque de Feiras e Exposições acolhe um mini parque de diversões.

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Adriano Miranda
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Para quem ainda mal tinha começado a trabalhar, Vera Rodrigues até que não se podia queixar. “Estão a sair, devagarinho mas estão a sair. A malta daqui prefere as fininhas”, apontava a vendedora de farturas. Uns metros à frente, numa outra rulote, Olga Carvalho também se mostrava esperançosa. “Já me estreei”, confessava a proprietária da “Roda dos Prémios”, admitindo que “o importante é que se ganhe algum”. Até dia 26 de Setembro têm lugar garantido no Ria Luna Park, o mini parque de diversões que abriu, esta quarta-feira à tarde, no Parque de Feiras e Exposições de Aveiro. Uma iniciativa da Associação Portuguesa de Empresas de Diversão (APED) que a câmara de Aveiro, “sensível à situação que o sector atravessa”, decidiu acolher.

Em tempos de pandemia, a lotação do recinto foi drasticamente reduzida. Quer no que toca ao número de equipamentos instalados – 21, no total -, quer no que diz respeito à quantidade de pessoas autorizadas a entrar (500, no máximo). E sim. Há controlo à entrada, obrigatoriedade de entrar e permanecer no recinto com máscara, e de respeitar os circuitos desenhados no chão. O protocolo é ainda mais apertado no funcionamento dos carrosséis. Há circuitos de entrada e saída, o público tem de passar o álcool gel nas mãos e, entre uma voltinha e outra, as cadeiras são devidamente desinfectadas.

“Isto é pessoal que nasce ensinado, basta explicar uma vez”, destaca Fernando Tavares, detentor de vários carrosséis. Há já 27 anos que costuma assentar arraiais em Aveiro de 25 de Março a 25 de Abril, por conta da secular Feira de Março. “Este ano foi uma desgraça. Já estávamos aqui a montar tudo e veio a ordem para cancelar”, lamenta. No caso de Fernando Tavares - e de todos os outros empresários de equipamentos de diversão -, a paragem assumiu contornos ainda mais graves por força da sazonalidade do negócio. “A última feira que tinha feito tinha sido a de São Martinho. É quase um ano sem ganhar um tostão”, testemunha o empresário de Palmela.

Francisco Bernardo, dirigente da APED, diz que são, no total, “800 empresas a viver disto” e a enfrentar uma crise sem precedentes. “Por essa razão, enviámos um pedido aos municípios para que acolhessem pequenos parques de diversões”, enquadra, regozijando-se com as respostas dadas por “Montegordo, Figueira da Foz, Lagos, Lamego, Viseu, Murtosa, Furadouro...”, além de Aveiro, claro está. “Ainda aguardamos por outras respostas. Coimbra está desde o início de Agosto para nos dizer algo”, especifica.

Para quem vive dos carrosséis, eventos como o Ria Luna Park dão alento e esperança. Enquanto isso, os fãs do Kanguru Louco XXL, da Lagarta, do Maxi Dance, dos carrinhos de choque ou da roda gigante – esta última só chega a Aveiro para a semana, vinda directamente da Festa do Avante -, aproveitam para regressar aos seus divertimentos favoritos. Foi o caso de Leonor e Beatriz Gonçalves, que fizeram questão de marcar presença no Ria Luna Park logo na abertura. “Elas adoram e ficaram muito tristes quando a Feira de Março foi cancelada”, referia a mãe, Eliana Ribeiro, que juntamente com o marido, Amílcar Gonçalves, deu nota positiva ao funcionamento da feira. “Estão espaçados, a desinfectar tudo... acho que, se todos cumprirmos, vai correr bem”, avaliavam, prometendo regressar. “E com certeza mais do que uma vez”, anteviam.

Entre os primeiros visitantes do Ria Luna Park esteve, também, o presidente da câmara de Aveiro, Ribau Esteves, que fez questão de saudar a organização do evento e os empresários presentes. Confrontado com as críticas que alguns cidadãos têm manifestado nas redes sociais, o edil disse respeitar todas “as vozes críticas”, mas prefere não as seguir. “Quando fomos aprendendo, através das normas da DGS, a gerir esta questão e quando vimos o sofrimento grave de muitas empresas, decidimos dar um passinho à frente”, argumenta, justificando a decisão de levar por diante o Festival dos Canais e o Festival Dunas de São Jacinto. “Aveiro demonstra que sabemos combater a Covid-19 mas sem deixarmos de viver a vida”, frisou.

Ribau Esteves fundamenta-se nos números para defender a opção tomada pelo município. “Em Junho, tivemos um caso novo de Covid por dia, no mês de Julho, tivemos um caso novo a cada dois dias e, em Agosto, tivemos dois casos a cada três dias”, desvenda.

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