Ex-amante de Juan Carlos ameaçou divulgar informação capaz de “afectar o coração da Casa Real”

Advogados de Corinna Larsen escreveram uma carta a fazer chantagem com a Casal Real espanhola. Queriam o envolvimento de Felipe VI nos negócios do pai, mas receberam um não do Palácio de Zarzuela.

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Rei emérito Juan Carlos está a ser investigado pelas autoridades suíças e espanholas Reuters/FRANCOIS LENOIR

A antiga amante do rei emérito espanhol Juan Carlos, Corinna Larsen, ameaçou revelar informação sensível capaz de “afectar o coração da Casa Real”, depois de o rei Felipe VI ter negado nomear um responsável para negociar directamente com a alemã.

Na origem do caso, está a investigação das autoridades suíças e espanholas aos 65 milhões de euros que um antigo monarca da Arábia Saudita transferiu para Juan Carlos quando ainda era monarca, que depois ocultou esse dinheiro num banco suíço e doou-o à ex-amante para excluir esse valor de qualquer herança.

A carta com a ameaça, revelada esta segunda-feira pelo jornal El Mundo, foi enviada no dia 23 de Abril de 2019 ao chefe da Casa Real, Jaime Afonsín. Corinna Larsen pretendia reunir-se com Felipe VI, tentando envolver a Casa Real no caso judicial que a envolve com o rei emérito.

Os advogados de Corinna Larsen recordam um encontro entre a alemã e o rei emérito, em Londres, garantindo que a sua cliente “desejava encontrar-se com o rei emérito de boa-fé”. No entanto, consideraram que Juan Carlos não era “ a pessoa adequada para resolver este assunto sozinho”, pelo que exigiram que Felipe VI interviesse directamente no caso.

No final da carta, os advogados de Corinna Larsen deixaram uma ameaça: “Se [o pedido] for recusado, a cliente não terá outra opção senão revelar o que sabe na imprensa e prestar declarações sob juramento nas investigações na Suíça e em Espanha”.

Na mesma carta, a alemã ameaça divulgar informação “capaz de afectar o Coração da Casa Real, as finanças e as ligações íntimas ao Centro Nacional de Inteligência”. “Parece que não perceberem a seriedade dos assuntos”, atirou.

As ameaças de Corinna Larsen e dos seus advogados, contudo, não tiveram efeito. À semelhança de uma carta anterior enviada pelo Palácio de Zarzuela, no dia 21 de Março, em que o rei Felipe VI garante não ter conhecimento das acusações da alemã e ameaça processá-la, em Maio, Jaime Afonsín responde a Larsen remetendo para a carta anterior.

“Nem Sua Majestade o Rei nem esta Casa vão designar qualquer representante legal para abrir um canal de comunicação para um processo de discussão ou negociação”, lê-se numa das cartas revelados pelo diário El Mundo.

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