Sociedade de Medicina Interna recomenda contacto pele com pele em grávidas infectadas

Num comunicado, referem que tanto os benefícios da amamentação como os do contacto com a pele da mãe após o parto superam os riscos potenciais de infecção pelo novo coronavírus.

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ASM ADRIANO MIRANDA - PòBLICO

A directora-geral da Saúde disse esta sexta-feira na conferência de imprensa diária que “até à data, tudo indica que [o leite materno] poderá ser utilizado, e que os seus benefícios serão superiores aos riscos eventuais de transmissão da infecção, que não está comprovada”. Mas Graça Freitas acabou por não ser questionada sobre o facto de estar a dizer o oposto do que recomenda a DGS na orientação publicada a 30 de Março e que continua em vigor: “Em situações de separação mãe-filho, está recomendada a extracção do leite com bomba e o seu desperdício até a mãe ter dois testes negativos.”

Desde este dia que o PÚBLICO tem questionado a Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre o porquê de esta norma ser contrária às recomendações da Organização Mundial de Saúde. Até agora nunca obteve uma resposta clara.

Entretanto, sucedem-se as vozes que advertem para os benefícios do leite materno e do contacto pele com pele mesmo em grávidas que deram positivo para o SARS-CoV-2. Esta sexta-feira o Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna emitiu um comunicado onde é taxativo: “Não há evidência de que o vírus passe o leite materno e os benefícios da amamentação superam o risco potencial de transmissão Covid-19.” As mães devem usar máscara e lavar as mãos com frequência.

Sobre o contacto pele com pele no pós parto, mais uma vez a indicação é clara: “Não há evidência de que após o parto, uma mulher com Covid-19 deva ser separada do seu filho. O impacto da separação parece ser mais prejudicial do que o risco de infecção.” O PÚBLICO tentou igualmente saber junto da DGS quando iria ser revista a orientação que também “desaconselha” o contacto pele com pele, mas apenas chegou a informação de que estaria para breve.

O documento com "medidas de prevenção para grávidas em tempos de Covid-19” refere ainda que “o risco de infecção na grávida parece ser semelhante ao da população em geral” e que “pouco ainda se sabe sobre a transmissão ao feto, mas parece ser reduzida”.

E deixam depois uma lista de recomendações:

“- As grávidas devem evitar contactos desnecessários com os serviços de saúde, contudo, devem cumprir as vigilâncias de acordo com a DGS, nomeadamente as ecografias;

- As grávidas deverão ser instruídas pelos médicos assistentes sobre os sinais de alarme da eventual agudização de uma patologia de base, e dos motivos que as levam a contactar a Linha SNS 24 ou o INEM;

- Deve existir especial cuidado com o bem-estar mental e, se necessário, contactar uma linha de apoio psicológico;

- Se a situação clínica o justificar, é aconselhável que a grávida não rejeite exames de imagem como radiografia ou TC torácicas. É recomendável o uso de protecção individual.”

Sintomas isolados, nomeadamente febre, devem ser submetidos a avaliação clínica para descartar outras causas.

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