Coronavírus: Privados preparam-se para receber doentes. CUF activa dois hospitais

Associação Portuguesa de Hospitalização Privada reuniu-se com a Direcção-Geral da Saúde e nos próximos dias deverão ser dadas novas indicações sobre o trabalho que poderá feito entre todas as entidades.

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Paulo Pimenta

O grupo privado CUF, da José de Mello Saúde, vai direccionar dois hospitais para o diagnóstico e tratamento de doentes de covid-19. A reorganização da rede já está a ser anunciada aos profissionais através de uma comunicação interna, a que o PÚBLICO teve acesso. Esta terça-feira, a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) reuniu-se com a Direcção-Geral da Saúde (DGS) e nos próximos dias “deverão ser dadas novas indicações” sobre o trabalho que poderá feito entre todas as entidades.

No comunicado enviado aos funcionários, o grupo explica que “dois dos seus hospitais - o Hospital CUF Porto e o Hospital CUF Infante Santo - assumirão o diagnóstico e tratamento de doentes com infecção pelo novo coronavírus”, embora mantenham a “capacidade de diagnosticar as restantes situações de doença”. As restantes unidades mantêm-se dedicadas aos cuidados gerais.

Além dos dois hospitais mais dedicados, todas as unidades do grupo que têm atendimento permanente, seja de adultos ou de crianças, vão continuar a fazer triagem de casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus. Estes casos suspeitos poderão ser encaminhados para um dos hospitais que a CUF vai dedicar à doença ou para os hospitais de referência do SNS.

O grupo - que já tinha anunciado que ia oferecer 50 ventiladores ao SNS - diz que com esta reorganização “procura assegurar um adequado apoio ao Serviço Nacional de Saúde e uma resposta mais eficaz a doentes com covid-19, disponibilizando recursos humanos e técnicos diferenciados, tanto na região norte como na área metropolitana de Lisboa”.

O presidente da APHP já tinha afirmado ao PÚBLICO que os hospitais privados já estavam a preparar-se para receber doentes de covid-19. “Parece inevitável que, tendo em conta o número de pessoas que vai aos hospitais privados, haverá uma série de pessoas com resultado positivo e que será mais prático que se mantenham nos privados em vez de ir para outras unidades”, disse Óscar Gaspar, referindo que a DGS tinha dado indicação para começarem a fazer os testes aos casos suspeitos.

A reunião desta terça-feira, entre a DGS e a APHP serviu para abordar “os termos definidos pela DGS relativamente aos casos suspeitos de covid-19” e “as formas de colaboração dos hospitais privados nesta fase de luta contra a doença”, explicou a associação numa nota enviada durante a tarde desta terça-feira. “A directora-geral deu informação sobre as normas a aplicar e registou as considerações apresentadas por parte dos hospitais privados, que, nos próximos dias, deverão ter novas indicações”, adiantou a APHP na mesma nota.

Na véspera deste encontro, Óscar Gaspar disse ao PÚBLICO que os hospitais privados estão disponíveis para receber doentes do SNS, podendo “aliviar as unidades públicas que estão com maior pressão”.

Cruz Vermelha ao serviço do SNS

Também a Cruz Vermelha colocou, desde esta terça-feira, o seu hospital “ao serviço de Estado, no combate ao surto do novo coronavírus integrado na rede covid”, anunciou em comunicado. Na mesma nota, disse estar “a iniciar o plano de formação aos técnicos do Hospital da Cruz Vermelha sobre procedimentos e protecção individual, preparando-os assim para a entrada em funcionamento desta nova resposta”.

Antes desta decisão, a Cruz Vermelha Portuguesa já tinha montado uma unidade modular no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, “para contenção dos doentes suspeitos”. Até ao momento, “a Cruz Vermelha Portuguesa já realizou 170 transportes de doentes suspeitos de covid-19, distribuídos pelas 11 ambulâncias que tem dedicadas para o efeito”.

Um pouco por todo o país várias entidades tomam iniciativas para responder à epidemia. É o exemplo das 16 câmaras municipais do Algarve que vão financiar a aquisição de 30 ventiladores para o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA).

“A Amal [Comunidade Intermunicipal do Algarve] está ao lado das entidades de saúde e disponível para” além dos “quase 60 ventiladores invasivos que o CHUA já tinha programado, financiar mais 30, permitindo quase triplicar a capacidade actual instalada”, dizem os autarcas num comunicado emitido também esta terça-feira.

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