Faculdades fechadas e visitas proibidas a Norte depois de número de infectados crescer 60%

Sobe para 21 o número de casos confirmados em Portugal. Governo aperta medidas de prevenção e suspende visitas em hospitais, lares e prisões da região Norte.

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Graça Freitas e Marta Temido anunciaram as novas restrições LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O número de pessoas infectadas com o novo coronavírus em Portugal aumentou 60% em 24 horas. São agora 21 os casos confirmados, a maioria no Norte do país, o que levou o Governo a apertar as medidas de prevenção. Escolas e faculdades vão ser encerradas e as visitas em hospitais, lares de idosos e prisões da região estão suspensas.

Houve uma “evolução rápida” do número de infectados pela covid-19, classificou a ministra da Saúde, Marta Temido, neste sábado à noite. A governante anunciou novas medidas para conter a propagação da doença, dirigidas sobretudo ao Norte do país. Na região localizam-se 15 dos 21 casos confirmados.

A Escola Básica e Secundária de Idães, em Felgueiras, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e a Faculdade de Farmácia, ambos pertencentes à Universidade do Porto, assim como vários edifícios do campus de Gualtar da Universidade do Minho, em Braga, vão ser encerrados. Nestas instituições de ensino houve alunos ou professores diagnosticados com coronavírus nas últimas horas, o que determinou esta decisão de modo a evitar a propagação da doença.

Face ao avanço da covid-19, o Governo decidiu também suspender as visitas em todos os hospitais, lares de idosos e estabelecimentos prisionais da área da Administração Regional de Saúde do Norte. Dois centros hospitalares de outras regiões, o Hospital do Espírito Santo, de Évora, e o Centro Hospitalar de Leiria – que integra também unidades de saúde em Pombal e Alcobaça – anunciaram também restrições às visitas.

Durante este sábado foram confirmados oito novos casos de infecção com a covid-19. A Direcção-Geral da Saúde identifica as cadeias de transmissão do vírus a partir dos primeiros casos conhecidos, quatro deles com origem no estrangeiro. O maior cluster foi originado por um único doente, que contagiou nove pessoas — uma delas já contagiou entretanto outra pessoa. Esse único infectado está na origem de cerca de 200 dos 412 casos que estão sob vigilância pelas autoridades de saúde. Um outro doente infectou cinco pessoas. Há ainda 47 casos a aguardar resultado laboratorial.

O Hospital de S. João, no Porto, anunciou entretanto a montagem de um hospital de campanha do INEM junto ao serviço de urgência. Na véspera, tinha sido o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a anunciar a instalação de um hospital de campanha para receber eventuais casos suspeitos de infecção.

O surto de covid-19 levou o Presidente da República a reduzir “uma parte da agenda” a nível nacional, para evitar ajuntamentos de pessoas em recintos fechados, anunciou Marcelo Rebelo de Sousa, que irá, no entanto, manter as viagens previstas.

Lombardia “bloqueada"

Lá fora, o Governo italiano prepara-se para, a partir deste domingo e até 3 de Abril, impor restrições mais severas de circulação na região da Lombardia, o que na prática afecta directamente Milão, centro de negócios e praça financeira do país, e outras dez províncias. As medidas irão condicionar a vida de um quarto da população do país, cerca de 16 milhões de pessoas, de acordo com uma versão do decreto a que a Bloomberg teve acesso.

A legislação irá impedir que alguém entre ou saia das áreas mais afectadas, enquanto os movimentos dentro das zonas-alvo do decreto serão permitidos apenas para negócios “inadiáveis” e razões de saúde. Eventos públicos, cerimónias religiosas e reuniões de trabalho serão suspensos.

Segundo a Reuters, em todas as áreas abrangidas pelo decreto, que a agência noticiosa diz incluir ainda cidades nas regiões fronteiras de Emília-Romanha – centro industrial particularmente importante para o sector alimentar –, de Veneto (onde se situam Veneza, Pádua e Verona) e de Piemonte (onde se localiza Turim), as escolas serão encerradas, assim como instalações desportivas, piscinas, teatros e museus. As outras províncias que se tornaram “zona vermelha” são Modena, Parma, Piacenza, Reggio Emilia, Rimini, Pesaro, Urbino, Veneza, Pádua, Treviso, Asti e Alessandria.

A Itália continua a ser o país europeu mais afectado pela covid-19. Nas últimas 24 horas foram confirmados quase 1300 novos casos, elevando para quase 6000 o número de infectados. A Alemanha tornou-se no segundo país com mais casos no continente, depois de numa semana o número de pacientes infectados se ter multiplicado por 12. São agora 795. com Isabel Aveiro

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