Governo de Hong Kong diz que manifestantes receberam “treino” do estrangeiro

Responsável máximo da segurança no território levantou as suspeitas durante uma audiência no Conselho Legislativo, mas não apresentou provas.

Foto
Desde Junho que manifestações maciças atiraram Hong Kong para uma crise política sem precedentes EPA/JEROME FAVRE

O secretário de Segurança de Hong Kong, John Lee, garantiu que alguns dos manifestantes que participaram nos protestos dos últimos meses receberam “treino” de organizações “não-locais”, embora não tenha apresentado qualquer prova para sustentar a afirmação.

A suspeita de que os activistas que desde Junho têm organizado manifestações maciças contra as autoridades locais pró-Pequim são apoiados por potências estrangeiras é frequentemente levantada pelos media chineses, mas até agora não tinham sido subscritas pela administração local.

O responsável máximo pela segurança no território respondia a perguntas de deputados no Conselho Legislativo esta quarta-feira quando foi questionado sobre o tema. “Baseado nos actos dos desordeiros, acreditamos que definitivamente receberam treino”, afirmou Lee sem especificar organizações ou países que possam estar por trás dessa operação.

“Em termos de recursos e mobilização não acreditamos que um punhado de desordeiros desorganizados pudesse organizar este tipo de eventos”, acrescentou o secretário, citado pelo jornal South China Morning Post.

Lee não forneceu qualquer prova para suportar a sua tese, sublinhando apenas “notícias online” que referiam o treino dado por organizações estrangeiras a cidadãos de Hong Kong.

O líder do Partido Cívico, Alvin Yeung, acusou Lee de estar a fazer afirmações irresponsáveis sem apresentar provas. “Ninguém deve acreditar nas acusações vazias de Lee até que ele possa provar as suas acusações”, disse o deputado.

O secretário da Segurança também revelou que desde Junho a polícia apreendeu 3700 telemóveis de manifestantes, mas garantiu que “a polícia apenas irá conduzir exames forenses após obter mandados judiciais”.

Hong Kong atravessa uma crise política sem precedentes desde que estalaram manifestações semanais contra a interferência da China no território, com vários grupos a acusarem Pequim de estar a esmagar as liberdades e direitos que deviam ser garantidos pelo regime de “um país, dois sistemas”.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários