Paisagem transgénica

Quando no mesmo plano visual se vêem campos lavrados e tractores, casas de inumeráveis feitios, parabólicas, fábricas e armazéns, tudo devidamente alinhado com um fundo de eucaliptal ao vento, muito há quem pense que se trata de uma imagem-ornitorrinco, uma grande toupeira-pato.

Foto
Álvaro Domingues

O ornitorrinco é um animal estranho que parece ter sido concebido para evitar qualquer classificação, seja científica ou popular: geralmente, mede cerca de cinquenta centímetros, pesa dois quilos, tem um corpo liso coberto com pele castanha escura, não tem pescoço e tem uma cauda de castor; tem um bico de pato de cor azulada na face superior e cor-de-rosa ou malhada na inferior; não tem pavilhões auriculares, as quatro pernas terminam em cinco dedos unidos por uma membrana e com garras; permanece debaixo de água (onde come) por tempo suficiente para que se possa confundir com um peixe ou um anfíbio; a fêmea põe ovos, mas amamenta as suas crias, embora não se vejam os mamilos (por outro lado, os testículos do macho são invisíveis porque são internos). (1)

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