Carne já picada continua mal conservada e imprópria para consumo

A Deco voltou a analisar a carne picada nos talhos da Grande Lisboa e do Grande Porto. Em 20 amostras de carne picada, apenas quatro são razoáveis e uma boa.

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Para a Deco, o cenário repete-se. A carne já picada à venda e exposta nos talhos da Grande Lisboa e do Grande Porto continua a não passar nos testes, sendo perigosa para consumo. Em causa continua o facto de o alimento conter “sulfitos proibidos”, ser conservado a “temperaturas elevadas” e transportar um “elevado número de bactérias”.

A lei permite manter a carne já picada no expositor de venda”, diz a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco)​​, em comunicado divulgado esta terça-feira, lembrando que “até meados da década de 1990” estas práticas não eram permitidas – só se podia picar carne num talho “quando preparada a pedido e à vista do consumidor”.

“Embora os requisitos sejam hoje mais rigorosos e os meios técnicos melhores, esse ponto de partida não se reflecte” porque os “critérios microbiológicos definidos para as carnes picadas, são muito escassos”, defende a Deco. Na maioria dos casos, a carne picada vendida nos talhos analisados é um “cocktail de bactérias”.

“Apesar de todos os alertas e avisos, os resultados, seis anos desde o primeiro teste, continuam a ser maus. Em 20 amostras de carne picada de talhos visitados na Grande Lisboa e no Grande Porto, apenas quatro são razoáveis e uma boa”, referiu a associação de defesa do consumidor, que apela à escolha de uma peça de carne para ser picada no momento.

A Deco explica ainda que “a carne picada só pode conter sal, e em quantidades inferiores a 1%”, e que “os sulfitos não são permitidos.” Em média, as 20 amostras de carne picada analisadas pela Deco este ano contêm 75% de sulfitos e em 85% dos casos está a ser conservada acima dos 2ºC legislados. A associação diz ainda que detectou “amostras com outros ingredientes”. “O consumidor está a ser enganado ao comprar um produto que já não é só carne picada”, alerta.

A Deco já enviou os resultados deste novo estudo à carne picada a todas os organismos que considera competentes – a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação e a Federação Nacional das Associações de Comerciantes de Carne (FNACC).

“Quem vende carne picada tem responsabilidade na situação. E a fiscalização deve ser mais robusta. Os talhos e os organismos de controlo ainda têm muito trabalho a desenvolver”, sublinha a Deco.

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