Frio veio para ficar nos primeiros dias do ano

Portugal está sob o efeito de um fenómeno chamado inversão de temperatura. Os termómetros não vão subir até ao início da próxima semana, esperando-se temperaturas negativas em especial nas zonas baixas.

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Paulo Pimenta

Nos últimos dias de 2018 e no início do novo ano, os termómetros registaram temperaturas baixas um pouco por todo o país, situação que se deverá manter ao longo desta semana. 

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as temperaturas máximas deverão manter-se iguais nos próximos dias, com os valores a rondarem os 14 graus Celsius em Lisboa. Já no Porto, as temperaturas deverão situar-se entre os 15 e os 16 graus, à semelhança de Évora. Em Faro, as previsões apontam para temperaturas entre os 16 e 17 graus, com Bragança a registar valores mais baixos entre os 11 e os 12 graus.

“A temperatura não vai sofrer grandes alterações, portanto, aquilo que se faz sentir hoje é muito próximo do que se vai fazer sentir durante o fim-de-semana e início da próxima semana”, explica ao PÚBLICO Paula Leitão, meteorologista do IPMA, que, além do frio, prevê ainda dias sem chuva. 

Quanto às temperaturas mínimas, permanecerão com valores negativos em algumas regiões do país. Porém, alerta a especialista que se tem assistido a um fenómeno inverso em Portugal continental, com temperaturas negativas (típicas de zonas montanhosas e terras altas nesta altura do ano) a registarem-se em zonas com uma altitude mais baixa.

“Enquanto nos locais onde tipicamente as temperaturas mínimas são muito baixas (muito abaixo de zero), como a Serra da Estrela, as temperaturas não estão assim tão baixas”, explica Paula Leitão. Por outro lado, em zonas onde não é costume as temperaturas mínimas têm sido negativas. Exemplo disso é Tomar (distrito de Santarém), onde os termómetros chegaram aos 3,7 graus negativos – a temperatura mínima mais baixa registada nos últimos dias nas estações do IPMA.

Chaves e Portimão com dois graus negativos

Já no aeródromo de Portimão, os termómetros chegaram aos 2 graus negativos, assim como em Chaves. “Nós estamos à espera que em Chaves esteja muito mais frio do que em Portimão mas, neste caso, estavam as duas com a mesma temperatura”, nota a meteorologista.

De sublinhar é, então, o facto de que “em zonas mais baixas, zonas de vale ou mais húmidas a temperatura tem estado muito baixa”, enquanto nas terras altas e no cimo das serras a temperatura tem sido relativamente mais elevada, diz Paula Leitão. 

Nos próximos dias, as temperaturas máximas mais baixas deverão registar-se em Trás-os-Montes e Beira Alta. Já os locais com as menores temperaturas mínimas são mais difíceis de prever, visto que “em locais relativamente próximos pode haver uma grande variação da temperatura mínima e da sensação de frio”, dependendo precisamente das zonas de vale e da altitude. 

Sol e nevoeiro para os próximos dias 

Este é um fenómeno ao qual se dá o nome de inversão de temperatura e que está associado à estabilidade atmosférica. “Estamos numa situação meteorológica em que um anticiclone gera uma atmosfera muito estável e a sua posição bloqueia situações associadas à chuva. Nestes casos, a temperatura em vez de descer com a altitude, como é normal, sobe. Por isso, temos locais altos com temperaturas menos frias, e durante mais tempo, do que as zonas baixas e o litoral”, assinala a meteorologista.

Este anticiclone está a condicionar a situação meteorológica em Portugal desde Dezembro, sendo por isso que, segundo a especialista do IPMA, “tivemos um período do Natal, passagem do ano e agora o início de Janeiro com sol”, céu nublado e temperaturas baixas nos vales, assim como um tempo mais seco e menos frio nas terras altas. Porém, de acordo com Paula Leitão, tal situação meteorológica não é anormal, acontecendo “com bastante regularidade no nosso país”.

“À medida que o Inverno vai avançando e os dias são mais curtos, há menos tempo de radiação, os continentes vão arrefecendo e o período mais frio acontece um pouco depois do solstício de Inverno (a 22 de Dezembro) porque há alguma inércia térmica. O frio vai-se acumulando e só quando os dias começam a ficar bastante mais longos e massas de ar quente atingem o continente é que a temperatura começa novamente a aquecer”, algo que deverá acontecer a meio de Fevereiro ou início de Março, acrescenta Paula Leitão.

Sobre o frio que se faz agora sentir, a especialista assinala que a actual humidade e o nevoeiro acentuam a sensação de frio. “O nevoeiro não permite o sol passar e esta é uma situação que se vai manter em alguns locais”, diz Paula Leitão.

Mas se as manhãs começam nubladas, a meteorologista acredita que ao longo do dia o sol vai aparecer, à semelhança do que tem acontecido, espelhando uma grande amplitude térmica entre as temperaturas máxima e mínima. 

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